Por Marcelo Calazans
Técnico em agropecuária, administrador de empresas e fotógrafo. Foi professor da disciplina Fotografia de Natureza pelo Senac-MS
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Olá, como vai?
Para encerrar o tema iniciado com o artigo de 8 de setembro e também trabalhado em 22 de setembro, falarei sobre cada um dos tipos de lentes que podem ser utilizadas na fotografia de vida selvagem e também mostrarei uma curiosidade sobre isso. Bora lá!
Lentes fixas, lentes de zoom, lentes objetivas, grande angulares, lentes macro… Do que se trata todas essas nomenclaturas de tipos de lentes? E para que servem essas ou aquelas lentes? Vejamos, então, se conseguimos esclarecer algumas dessas dúvidas.
Quando se trata de fotografia, falamos das lentes chamadas objetivas. A objetiva é um acessório da câmera fotográfica formado por várias lentes que servem para focalização da cena, além de ser responsável pela qualidade da imagem e pela angulação. As características da objetiva interferem diretamente na qualidade da imagem e o resultado da junção das lentes é a distância focal que a objetiva é capaz de alcançar.
Para começar, entendamos os conceitos de lente fixa e lente de zoom. As FIXAS são as lentes que possuem distância determinada, ou seja, não permitem aproximar ou afastar o assunto da fotografia. Já as lentes de ZOOM são capazes de tirar fotografias de assuntos em diferentes distâncias, sem que o fotógrafo tenha que se deslocar, mas apenas ajustando o zoom.
Basicamente, dentre as objetivas, temos as normais, as grande-angulares e as teleobjetivas.
Eu vou usar uma classificação bastante simples para dividir as lentes. Vou começar falando das lentes que eu considero como “normais”, ou as médio-angulares, no caso as de 50 mm.
Lentes normais
Também conhecida como 50 mm ou média-angular, esse tipo de lente tem o ângulo de visão semelhante ao olho humano, ou seja, não afasta, não aproxima, não amplia e nem diminui. A distorção da imagem é mínima e gera-se imagens de boa qualidade. Sua abertura pode variar de f/1.0 (sim, a Canon fabricou uma série dessa lente com essa abertura em 2002 e parou por falta de compradores) até f/1.8.
Lentes grande-angulares
Proporcionam um maior ângulo de visão e afastam o assunto da foto, fazendo com que seja capturada uma área maior do que com a lente normal. São indicadas para fotografar ambientes pequenos ou paisagens, onde é necessário capturar uma grande área, mas sem muito espaço para distanciamento. As bordas da imagem apresentam uma distorção bem notável. Como disse João Marcos Rosa no artigo anterior (de 22 de setembro), “…são imagens que fazem com o que leitor se sinta dentro do ambiente daquele animal, ao seu lado. Uma sensação de intimidade que pode trazer ainda mais emoção para o desfrute de uma grande reportagem.” São lentes muito utilizadas na captura de imagens de fenômenos climáticos e em astrofotografia.
Lentes teleobjetivas: as preferidas dos fotógrafos de natureza
Ao contrário das grandes angulares, estas são as lentes que aproximam o assunto a ser fotografado, geralmente utilizadas para fotografar detalhes de uma grande paisagem, fazer fotos de astros como a lua, de animais, etc. Não apresentam distorção das imagens, mas em algumas situações podem causar um efeito de achatamento, semelhante ao que se observa nos binóculos.
No primeiro artigo dessa série sobre lentes, eu citei a lente a 70-200 mm como excelente opções para e começar a fotografia de vida selvagem. Para encerrar, vou deixar as impressões como usuário de uma Sigma 150-500 mm f/5-6.3 para Nikon. Opção interessante e de custo-benefício atrativo. Podemos encontrá-la a partir dos R$ 4 mil (usada). Com resultados excelentes, robusta, encorpada e de ótica de boa qualidade, ela é uma boa opção para se iniciar no “trend top” das teleobjetivas. O equivalente da Nikon, por exemplo, a AF-S 200-500 mm f/5.6E ED VR, custa a baba de R$ 12 mil! É uma lente relativamente “leve”, com quase dois quilos. Leva um certo tempo para se adaptar ao conjunto câmera-grip-flash-lente. Ainda mais quando não se usa tripé (meu caso).
Depois de quase dois anos usando essa lente, consegui elencar os prós e os contras desse equipamento. Vamos lá:
Prós
– Ótimo estabilizador óptico, peso reduzido, preço muito bom e resultados honestos.
Contras
– Foco demorado em situações com pouca luz, range começa muito longo (150 mm) – acho que a 50-500 mm com OS da mesma marca atenderia melhor às minhas necessidades – e algumas unidades apresentam defeitos, que ainda estou pesquisando na internet para saber a origem.
No mais, gosto muito do resultado que essa lente me entrega. Creio que é uma boa porta de entrada para o mundo das teleobjetivas. Abaixo dá prá ter uma idéia do que ela é capaz quando se sabe aliar as configurações da câmera com a lente.
Curiosidade: a Nikkor 1200-1700 mm f/5.6-8.0
Fabricada no Japão, a lente só pode ser carregada com muito esforço e é a lente que leva a câmera, e não vice-versa como normalmente acontece. É considerada a “mãe” de todas as teleobjetivas.
O preço dessa super objetiva também é bastante pesado: US$ 60 mil, o equivalente a mais de R$ 230 mil – o que supera, e muito, o preço das melhores câmeras do mercado. Com cerca de 1m30m de comprimento, pesa “só” 26 kg.
A lente de foco manual foi criada em 1993, por orientais sedentos em se aproximar do objeto. As lentes teleobjetivas tendem a aproximar os planos uns dos outros, achatando-os e fazendo parecer que estão mais próximos entre si, mas destaca o plano que estiver focado. A Nikkor 1200-1700 mm f/5.6-8.0 da Nikon promete fazer isso com eficiência e promete fotografar um rosto a mais de cem metros de distância.
No nosso próximo encontro, vou trazer uma listinha com dez dos melhores perfis de fotógrafos de natureza do Instagram, do Brasil e do mundo.
Um abraço e até lá!