Por Vitor Calandrini
Capitão da Polícia Militar de São Paulo, onde atua como comandante da 2° Companhia do 1° Batalhão de Polícia Militar Ambiental, e doutorando em Sustentabilidade pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP)
nalinhadefrente@faunanews.com.br
No último domingo, 25 de setembro, o primeiro após o início da primavera, mais uma vez a Polícia Militar Ambiental de São Paulo se deparou com uma triste realidade: atividades relacionadas ao tráfico de animais. Mas, desta vez, ao menos para os animais, o resultado foi o melhor possível para a situação: eles receberão uma nova oportunidade de serem colocados em liberdade.
Após receberem solicitação para apoiarem policiais militares da região do Jardim Ângela, na zona sul da capital paulista, que encontraram um pet shop com várias gaiolas suspeitas de conterem aves ilegais, equipes do GEPAAR (Grupo Especial de Policiamento Ambiental em Áreas de Risco) localizaram, não apenas dentro da loja, mas também nos fundo do estabelecimento, dezenas de animais em situação deplorável. Alguns estavam dentro de caixas de leite prontos para o comércio. Havia aves de espécies nativas e exóticas (não naturais de uma região) e répteis, todos sem alimentação e água adequadas, estando em gaiolas e transportes sujos.
Animais apreendidos
No total, foram apreendidas 146 aves nativas, incluindo de espécies ameaçadas de extinção, como o pixoxó, seis aves exóticas e quatro jabutis. Foram aplicadas multas que totalizaram R$ 1.177.400,00 pelas infrações de manter animais em cativeiro, introduzir fauna exótica no estado e maus-tratos a animais, todas previstos na Resolução SIMA 005/2021.
Os animais foram resgatados pela PM Ambiental e levados para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres do Parque Ecológico do Tietê (Cras-PET), para serem triados, tratados e passarem pelo processo de reintrodução na natureza. O responsável pelo pet shop, além da multa milionária, responderá criminalmente, muito embora não deva ser condenado ou preso devido ao nosso arcabouço jurídico.
Foram 156 vidas animais salvas do tráfico, mas, infelizmente, nem sempre é possível interceptar e impedir que a venda ao consumidor final ocorra. Por isso, reforço que é missão de todos nós desincentivar essa atividade e cabe ao policiamento ambiental continuar vigilante no combate a esse crime que tanto aflige nossa biodiversidade.
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