Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra e doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ecologia da mesma universidade, onde atua no Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF).
Tem como principais interesses assuntos relacionados à ecologia de ferrovias e rodovias, assim como conservação da natureza e educação ambiental.
Normalmente abordamos o impacto das colisões entre veículos e animais e as medidas para reduzi-lo. Entretanto, pouco pensamos a respeito da visão dos motoristas sobre essa questão, sendo que eles também se envolvem e são afetados por esse impacto.
Um estudo recente realizado na Hungria teve como objetivo compreender os hábitos, as experiências e as atitudes dos motoristas em relação às colisões entre veículos e animais. Os autores elaboraram um questionário, que foi respondido por quase duas mil pessoas, com o objetivo de entender a percepção dos motoristas sobre colisões com a fauna. Algumas das principais perguntas feitas aos motoristas foram:
– Quais grupos faunísticos são mais afetados nas colisões com animais?
– Há alguma relação dos motoristas com conservação da natureza, segurança no trânsito e medo de se envolver em uma colisão?
– Quais as medidas de mitigação os motoristas acreditam reduzir as colisões?
Segundo os entrevistados, os grupos de animais mais afetados pelas colisões são aves de pequeno porte (28,2%) e mamíferos de grande porte (21,7%). Animais domésticos, como gatos e cachorros, também apareceram bastante nas respostas (23,9%). Ainda, pouco mais de 20% dos motoristas responderam que não sabem se já colidiram com anfíbios ou répteis – algo que arrisco dizer que é esperado, por não serem espécies grandes, dificilmente detectáveis e por atraírem menos o carisma das pessoas.
Os autores identificaram que quase metade dos motoristas já esteve envolvida em alguma colisão com animais pelo menos uma vez. Além disso, condutores de veículos que repararam mais em animais mortos nas estradas e/ou se envolveram mais em colisões, principalmente com fauna de grande porte, demonstraram se importar mais em relação à conservação da natureza e à segurança no trânsito. Um resultado muito interessante foi que, na opinião de 30% dos motoristas, medidas de mitigação, como cercas e passagens de fauna, são as opções mais confiáveis para reduzir o número de colisões com animais. Eu destaco esse resultado porque essas medidas, principalmente as cercas, já são conhecidas como efetivas na literatura sobre o assunto, mas entre os motoristas – assumindo que são pessoas com menos conhecimento no assunto – me pareceu muito interessante essa percepção.
Acredito que compreender a visão de pessoas que podem estar envolvidas diretamente com o impacto das colisões é muito importante para entendermos as diferentes faces de um mesmo problema. É essencial que os motoristas estejam cientes da existência desse impacto e dos potenciais danos que ele pode causar.
Ter consciência do problema pode não reduzi-lo diretamente, pois muitas vezes a colisão é inevitável. Entretanto, o conhecimento sobre o impacto ajuda os motoristas a refletirem sobre ele e, até quem sabe, exigirem medidas de mitigação às instituições responsáveis – como as concessionárias ou órgãos ambientais.
Essas percepções são de motoristas da Hungria. Será que aqui no Brasil seriam as mesmas? Você já parou para pensar sobre quais animais seriam mais impactos, por exemplo?
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
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Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra e doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ecologia da mesma universidade, onde atua no Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF). Tem como principais interesses assuntos relacionados à ecologia de ferrovias e rodovias, assim como conservação da natureza […]
