Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br
Nome popular: gato-maracajá
Nome científico: Leopardus wiedii
Estado de conservação: “quase ameaçado” na lista vermelha da IUCN e “vulnerável” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
À pergunta “para que olhos e cauda tão grandes?”, um gato-maracajá responderia: “para não ser confundido com uma jaguatirica”. A pelagem que vai do amarelo ao marrom, com rosetas largas e espaçadas, pode levar quem não o conhece muito bem a achar que está diante de uma jaguatirica. Mas o gato-maracajá é menor que sua parente mais famosa e, além do tamanho dos olhos e da cauda, tem outras características marcantes.
As articulações das patas traseiras deste felino são extremamente flexíveis e permitem uma rotação de até 180°. Isso faz com que o gato-maracajá seja um dos raros felinos que conseguem descer de uma árvore com a cabeça voltada para a frente, como fazem os esquilos. Essa peculiaridade e o auxílio da longa cauda dão a ele uma incrível habilidade para se movimentar por troncos e galhos de árvores e arbustos.
Com hábitos solitários e noturnos, o gato-maracajá se alimenta de pequenos mamíferos, aves, répteis e alguns insetos. E na hora de caçar, ele mostra outra de suas extraordinárias habilidades: imitar o som das presas para atrai-las. Entre os animais que o esperto gato consegue imitar estão pássaros, roedores e o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor).
A fêmea tem uma gestação que dura de 80 a 84 dias e a ninhada normalmente é de apenas uma cria. O filhote é considerado adulto entre 9 e 12 meses e atinge a maturidade sexual por volta dos dois anos. O indivíduo adulto atinge de três a cinco quilos e um comprimento de 90 a 130 centímetros.
O gato-maracajá é nativo da América Central e da América do Sul. Ocorre desde o México até o norte do Uruguai e em quase todo o território brasileiro – menos na Caatinga e no Rio Grande do Sul. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a população estimada desse felino no país é de cerca de 4.700 indivíduos. Entretanto, há trabalhos indicando que nos próximos 15 anos, ou três gerações, o declínio dessa população deverá ser de pelo menos 10%. A principal causa é a perda e fragmentação de habitat relacionadas à expansão agrícola. Em função disso, a espécie está categorizada como “vulnerável” na lista brasileira de espécies ameaçadas.
– Texto originalmente publicado em 20 de abril de 2016
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