
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“As pessoas que criam ilegalmente animais silvestres na Paraíba terão a oportunidade de devolvê-los ao meio ambiente fazendo a entrega voluntária, ficando livres de qualquer tipo de punição, a partir desta terça-feira (1º), em pontos que serão disponibilizados pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb). A ação faz parte da Semana do Meio Ambiente, que este ano tem como tema a “Restauração dos Ecossistemas”.
Só no ano passado, foram 5.443 animais silvestres – entre aves e répteis – apreendidos em operações contra a criação ilegal e tráfico, na Paraíba. Quem é flagrado criando animais silvestres sem autorização pode ser preso e ainda pagar multas de até R$ 5 mil, por cada espécie. Por isso, a importância de as pessoas aderirem à entrega voluntária que acontece esta semana.
Em João Pessoa, o dia D da entrega dos animais será na sexta-feira (4), das 8h às 17h, no Parque da Lagoa, no centro, onde terá a van de educação ambiental para acolher os animais que serão devolvidos pela população. Após serem entregues, as espécies receberão todos os cuidados e em seguida vão ser levadas ao seu habitat natural.
Pontos de entrega
João Pessoa: Jardim Botânico Benjamim Maranhão (Av. Dom Pedro II, S/N – Torre). Na sexta-feira, a entrega poderá ser feita também no Parque da Lagoa.
Campina Grande: sede da 2ª Companhia de Policiamento Ambiental (Rua Caicó, S/N, vizinho à Escola Estadual Carlos Drummond Andrade, no bairro das Malvinas)
Patos: sede da 3ª Companhia de Policiamento Ambiental (Rua Violonista Antônio Moreno, S/N, perto da praça principal do bairro Noé Trajano)” – texto de divulgação do governo paraibano, publicado em 31 de maio de 2021 pelo site do governo do Estado
A iniciativa de estimular a entrega voluntária de animais silvestres criados ilegalmente é bastante positiva. Afinal, cria-se a oportunidade para muitos espécimes voltarem à vida livre, cumprindo suas funções ecológicas e longe de dietas e ambientes não apropriados e que lhes causam sofrimento.
Entretanto, um ponto deve ser salientado. A argumentação do poder público poderia ser muito melhor.
Tentar sensibilizar e conscientizar a população por meio do medo de prisão e multa para casos como a criação doméstica ilegal de animais silvestres e tráfico de fauna é um erro. Raríssimos são os caso de alguém que tenha ficado preso por crimes contra a fauna. Talvez mais raros ainda seja os casos de pagamento de multas…
E os traficantes sabem disso. E a população que cria animais silvestres ilegalmente sabe disso. A polícia também sabe disso.
Infelizmente, o caráter educativo da legislação, para os crimes envolvendo animais silvestres, é nulo no Brasil. A lei existe e é fraca.
É impressionante como ninguém tenta explicar para as pessoas os problemas envolvidos na criação de animais silvestres como mascotes. São bichos inadequados para ambiente doméstico, que sofrem, que precisam de alimentação e espaços diferenciados e só encontrados na natureza, que podem transmitir doenças e que precisam cumprir funções em seus habitat para manterem o equilíbrio dos ecossistemas. É um problema que gera gastos ao poder público; dinheiro esse que pode ser investido para atender outras necessidades.
Basta não ter animais silvestre em casa.
Polícia e repressão são essenciais, mas não vão resolver o problema do tráfico de fauna.
Poder público míope.