Sulamita Ribeiro
Estudante de Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), participante do projeto de extensão Café com Ciência e da Rede OrnitoMulheres.
Nós crescemos ouvindo falar dos dinossauros nas escolas, nos livros, nos filmes e nas séries como animais do passado, que não existem mais. No entanto, devido a estudos evolutivos, há certas discussões científicas que debatem justamente o contrário.
Existem evidências cumulativas que revelam que uma das linhagens do clado Dinosauria, grupo ao qual pertencem os enormes dinossauros extintos, já conhecidos por nós através da cultura pop e da Ciência, tenha dado origem aos dinossauros modernos, os quais classificamos como aves. A origem das penas, a evolução do voo e as características do esqueleto, como a presença da fúrcula (o “osso do jogo”, que vimos quando comemos peito de frango), o pescoço em forma de “S”, o punho flexível, os ossos ocos com paredes finas, o metatarso alongado e os pés com quatro dedos são exemplos de evidências científicas que oferecem robustez à teoria e apresentam o grupo dos répteis como monofilético (quando todos os descendentes derivam de um mesmo ancestral), com Dinosauria como um subgrupo composto pelas espécies extintas e as aves.
O fóssil que mudou a concepção da classificação das aves como dinossauros foi do gênero Archaeopteryx, uma espécie que viveu no período Jurássico, possuía penas, cauda, dentes, dedos não fundidos nas mãos e, além disso, era bípede e conseguia voar. Essas características nos deixam com a pulga atrás da orelha ao pensar no incrível parentesco entre essas duas linhagens, assim como deixaram os paleontólogos.
Em 2017, o cientista Matthew Baron e os seus coorientadores de doutorado, David Norman e Paul Barret, publicaram na revista científica Nature uma nova classificação evolutiva que muda o grau de parentesco entre algumas linhagens de dinossauros, devido à presença da estrutura da pelve, refutando a proposta clássica que divide os dois grupos.
Esse modelo colocou os dinossauros terópodes, grupo de dinossauros bípedes (quem se locomove com os membros posteriores) ao qual pertencem as aves e alguns dinossauros não-avianos (como tiranossauro, carnotauro, velociraptor) junto com os Ornithischia (púbis voltada para trás, como é vista nas aves), formando assim um subgrupo chamado de Ornithoscelida. Bom, apesar de já sabermos que as aves são dinossauros viventes, ainda estamos caminhando com as pesquisas que as posicionaram melhor, evolutivamente, dentro do grupo dos seus parentes gigantes!
Pode ser difícil de acreditar, mas essa mesma ave na foto acima é um dinossauro terópode assim como foi o Tyrannosaurus rex, inspiração para o filme Jurassic Park e tantas outras obras da cultura popular.
E aí, preparados para observarem os dinossauros viventes?
Referência
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