Os Silvestres e a Nossa Saúde: Zoonoses transmitidas por primatas não-humanos

Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Médica Veterinária e mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu). Já foi Gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Anápolis (GO), onde fundou e mantém o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (CEVAS)
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O crescimento populacional e o desenvolvimento tecnológico alcançados pelo homem moderno têm provocado a invasão dos habitat naturais. As espécies nativas encontram-se seriamente ameaçadas, pois estão sendo levadas a terem contato mais próximo com áreas urbanas. Na realidade os vírus e as bactérias sempre existiram, alguns albergados em animais que viviam em locais inacessíveis ao homem, como as florestas tropicais.

Com a construção de estradas e o surgimento de novas áreas urbanas, os homens se aproximaram de habitat antes intocados. Como resultado, tem ocorrido grande desequilíbrio ecológico. Alguns animais passaram a ser atraídos por centros urbanos em busca de alimento e outros, em decorrência da escassez de predadores, passaram a proliferar desordenadamente, alterando a cadeia alimentar, constituindo-se em verdadeiras pragas.

O desequilíbrio ecológico é o responsável pela aproximação do homem com os micro-organismos transmissores de doenças. Os animais reservatórios de vírus e bactérias tornaram-se resistentes ao longo de milhares de anos em que conviveram com eles. A destruição das matas e a invasão dos habitats naturais têm contribuído enormemente para o surgimento de novas doenças que acometem homens e animais.

Primatas
Um fator importante nas zoonoses dos primatas é a manutenção de símios em laboratórios, principalmente para pesquisa em biomedicina. O manuseio tem sido fator preponderante para transmissão de doenças em virtude da extrema proximidade física e manipulação de material orgânico.

O contato dos seres humanos com animais silvestres tem aumentado consideravelmente, influenciando o aumento e o surgimento de zoonoses. A presença de animais silvestres, principalmente macacos como pets em domicílios, tem crescido e consequentemente a incidência de doenças zoonóticas entre o homem, animais domésticos e símios tende a aumentar. Exemplo deste fato é a ocorrência de um surto de dermatomicose envolvendo macaco gibão, animais domésticos e humanos e casos de herpes entre homem-sagui.

Abaixo, as principais zoonoses dos primatas: protozoários, bactérias e fungos.

Abaixo, as principais zoonoses dos primatas: vírus.