Os Silvestres e a Nossa Saúde – Salmonelose transmitida por serpentes de estimação

26 de novembro de 2018

Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Médica Veterinária e mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu). Já foi Gerente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Anápolis (GO), onde fundou e mantém o Centro Voluntário de Reabilitação de Animais Selvagens (CEVAS)
nossasaude@faunanews.com.br

A salmonelose é uma das principais zoonoses para a saúde pública em todo o mundo, exteriorizando-se por suas características de endemicidade, alta morbidade e, sobretudo, pela dificuldade da adoção de medida para seu controle. Além da importância das ações preventivas para evitar o risco de infecção da população humana, o controle desta doença é de grande interesse para a economia dos países em que ocorrem esses surtos.

A Salmonella spp faz parte da microbiota do trato gastrointestinal dos répteis, sendo esses considerados os principais reservatórios. Estimativas indicam uma alta prevalência da bactéria nesses animais, variando de 83% a 93%, dependendo do método de diagnóstico utilizado. A taxa de infecção em serpentes pode variar de 16% a 92%, com diversos estudos demonstrando a presença do microrganismo tanto em animais de vida livre como em cativos criados como bichos de estimação.

A popularidade de répteis como animais de estimação está crescendo e tem causado preocupação quanto ao seu impacto na saúde pública. A salmonelose relacionada a répteis continua a ser uma ameaça à saúde humana. Aproximadamente 7% dos casos anuais de infecção por Salmonella são atribuídas a contato com répteis ou anfíbios. Estima-se que 11% das residências no Brasil possuam um réptil. Muitos desses animais têm Salmonella spp e eliminam intermitentemente os microorganismos pelas fezes. As pessoas são infectadas pela ingestão da bactéria após não lavarem as mãos corretamente depois do manuseio de répteis ou de objetos contaminados por um animal. Tanto o contato direto ou indireto com répteis infectados e seu ambiente podem causar doença no ser humano.

Alguns sorotipos raros de Salmonella associados a répteis, tais como Java, Marina, Stanley, Typhi, Poona, Paratyphy e Chamaleão, têm sido isolados em humanos. Por exemplo, a Salmonella marina identificada em humanos aumentou de 2 casos em 1989 para 47 em 1998. O isolamento de sorotipos raros serve para alertar os profissionais que atuam em saúde pública para o risco de transmissão de répteis para o homem.

A maioria das pessoas que contraem salmonelose de répteis são bebês, crianças e pessoas com baixa resistência imunológica.

Não se recomenda tratamento da salmonelose para as serpentes devido à freqüente ocorrência de resistência aos antimicrobianos, exceção no caso da doença ativa.

Os cuidados com o manejo em cativeiro e boas práticas de higiene ao manipular as serpentes são fundamentais para prevenir a infecção nos seres humanos.

Newsletter do Fauna

Resumo semanal do que foi notícia no
universo dos animais silvestres.

Busca

Fauna ZAP
1
Olá! Eu quero receber as notícias do Fauna News. 😃 🐾