
Por Vitor Calandrini
Primeiro-tenente da PM Ambiental de São Paulo, onde atua como chefe do Setor de Monitoramento do Comando de Policiamento Ambiental. É mestrando no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP
nalinhadefrente@faunanews.com.br
Este mês de junho farei um texto um pouco mais reflexivo e educativo, mesmo sabendo que algumas ações já são de conhecimento geral, incluindo seus riscos à flora e em especial à fauna. Mas não custa reforçarmos alguns deles. Até porque, mesmo em tempo de pandemia, as comemorações de festas juninas continuam e consequentemente alguns maus hábitos que atormentam nossos silvestres.
É importante lembrar que estamos entrando no inverno, o que representa, além do tempinho frio, a estação seca – ao menos no estado de São Paulo. Iniciamos o período de estiagem, em que a vegetação fica mais seca, os frutos já começam a ficar mais escassos, levando os silvestres a se aproximarem das áreas urbanas (uns atrás de alimentos, outros de abrigo e outros de ambos).
Esse é um dos problemas de causas naturais que esperamos nessa época do ano, pois alguns animais silvestres ficam mais susceptíveis a atropelamentos, assim com a caça e captura, uma vez que estão mais próximos às áreas urbanas. A escassez de alimentos também facilita que sejam capturados em armadilhas montadas no entorno das florestas.
Temos um estreitamento na relação humano x fauna silvestre que, infelizmente, nem sempre acaba de forma saudável para o animal.
Já ao falarmos das ações humanas que ganham projeção nessa época do ano, temos em especial duas que merecem destaque: a soltura de balões, que além de poder causar danos diretamente ao meio ambiente também é crime ambiental (artigo 42 da Lei nº 9.605/1998), com penas que podem chegar a três anos de detenção; e as famosas fogueiras, que podem se tornar incêndios florestais e alterar o comportamento de animais noturnos, que precisam da escuridão para exercerem seus hábitos, como se alimentar e se reproduzir.
É claro que não é o fato de o balão estar no ar que a fauna corre perigo. Nesse momento, a vítima é o próprio ser humano envolvido na aviação civil pelos riscos de colisões. O problema para a fauna se dá no retorno desse balão à terra, muitas vezes já em chamas, o que quase sempre causa de pequenos a grandes incêndios florestais, causando a morte direta de animais queimados e indiretamente de tantos outros devido à escassez ainda maior de alimento e abrigo nesse período – o que pode ocorrer da mesma forma quando fogueiras são acessas sem controle rigoroso de seus limites ou não são apagadas ao fim de seu uso.
Em junho, reforço a situação de vulnerabilidade da fauna nesses meses mais secos, o que já ocorre de forma natural, e que nós, como coabitantes do planeta, devemos minimizar. Duas delas é não participando de soltura de balão, pois além dos riscos à fauna é crime, e também use a consciência ambiental ao acender uma fogueira, evitando assim incêndios florestais e a morte de animais.
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