Por Geovanna Dela Ricci¹ e Andréia Nasser Figueiredo²
¹Graduanda em Gestão e Análise Ambiental na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). É estagiária na área de educação ambiental na Fubá Educação Ambiental
²Bióloga, mestra em Ecologia e Recursos Naturais e doutora em Ciências, ambos na área de Educação Ambiental. É cofundadora e educadora ambiental na Fubá Educação Ambiental e atua no grupo Escola da Floresta – Sítio São João e no Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS)
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Não é de hoje que nós, humanos, usamos a tecnologia para facilitar nosso dia-a-dia. O uso de ferramentas há milhões de anos e o advento do papel para registrar nosso conhecimento para futuras gerações foram tecnologias fundamentais para chegarmos onde estamos hoje. A internet e os smartphones são as tecnologias da vez. A primeira quebrou barreiras geográficas e de acesso ao conhecimento e a segunda abriu a possibilidade de carregar o acesso ao mundo na palma da sua mão – com o plus de registrar com a sua própria câmera fotográfica e armazenar virtualmente o seu olhar do cotidiano.
A democratização do acesso às informações tem obviamente lados positivos e negativos. Temos um excelente exemplo aqui no Brasil com as duas últimas eleições presidenciais. Independentemente das concepções políticas que você acredita, as fake news nos mostraram que ter acesso a informação não significa que esse acesso está sendo justo, já que o conteúdo veiculado não é verdadeiro. E é nesse ponto que reforçamos caber a nós, educadoras e educadores, reajustar o uso da internet para que essa tecnologia possa ser, de fato, uma ferramenta em prol do diálogo e da busca de soluções para nossas problemáticas ambientais.
O desafio é grande, principalmente porque muitas das problemáticas ambientais são complexas para serem entendidas e de serem explicadas. Por isso é importante utilizar bem todos os recursos das tecnologias presentes para garantir que as informações verdadeiras quebrem as barreiras das falsas e cheguem de fato a todas as pessoas que acessam a internet. Um desses recursos são os aplicativos educativos ou com potenciais educativos, como os de mapas e guias de espaços, que possibilitam que o conteúdo seja trabalhado de forma mais espontânea e não obrigatória, como pode ocorrer em meios mais formais.
Gamificação
Acreditamos que a gamificação, termo utilizado para se referir ao uso de elementos de jogos dentro dos apps (que não são necessariamente de jogos), pode ser utilizada pela educação ambiental para tornar a experiência do usuário ainda mais enriquecedora e orgânica. O uso de aplicativos gamificados ou de jogos que seguem a base da educação ambiental crítica e dialógica, ou seja, que preza pelos princípios éticos, pelo diálogo, pela busca de soluções em comum e pela cooperação, possibilita o aumento da participação do público nas questões socioambientais e o aprendizado de uma forma mais criativa e interessante.
A Fubá Educação Ambiental recentemente desenvolveu um aplicativo gamificado para trabalhar a temática do saneamento básico alinhada a 12 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para as escolas de ensino fundamental e médio do Paraná. Nos testes realizados com aproximadamente 400 estudantes dos ensinos foco, o aplicativo mostrou-se uma forma interessante de se aprender sobre essa complexa temática, já que a experiência do jogo tornou a experiência educativa diferenciada e mais atrativa. Na imagem 2 é possível ver o compilado das respostas dos estudantes do Ensino Fundamental I no teste.
Vale reforçar que o uso de recursos tecnológicos na educação ambiental pode ocorrer tanto no ensino escolar como no exemplo do aplicativo sobre saneamento, que também pode e deve ser pensado para o ensino e aprendizagem de públicos não escolares, como pessoas que visitam trilhas e espaços verdes. Assim, potencializamos o uso das tecnologias para uma maior proximidade do usuário com diversas e complexas temáticas ambientais que, muitas vezes, ficam restritas aos grupos que trabalham diretamente com elas ou ao ambiente escolar.
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