O que levar na mochila para fotografar animais?

Olá, espero que esteja tudo em ordem por aí! Depois de alguns artigos mais “pesados” em relação a informações e conteúdo sobre fotografia de vida selvagem, decidi dar uma breve trégua com um tema um pouco mais simples. Vou compartilhar o que costumo levar na minha mochila quando saio para fotografar, assim como um ou outro item que não tenho costume de utilizar, mas sei que pode ser útil para outros fotógrafos.

Para tirar o óbvio da frente, as primeiras coisas que coloco na mochila são minha câmera e minhas lentes (uma teleobjetiva e uma grande-ângular), água e algum petisco, caso eu pretenda ficar algumas horas em campo. Se eu não tiver expectativa de encontrar algum mamífero também levo repelente, uma vez que o cheiro desse produto no corpo pode afugentar esses animais. Além disso, a bateria e o cartão de memória são muito importantes de serem lembrados – já perdi a conta de quantas vezes esqueci esses itens e só descobri na hora de ligar a câmera no meio do mato (experiência canônica na vida do fotógrafo).

No corpo, quase sempre uso uma camiseta camuflada, uma calça leve com vários bolsos e uma bota alta e bem fechada. Se a mata for densa, é recomendado utilizar perneiras para se proteger de animais peçonhentos e de se cortar na vegetação, assim como mangas compridas. Também levo uma bandana que pode ter muitas funções se improvisada criativamente, como uma barreira contra insetos no rosto e até mesmo uma camuflagem para a minha lente teleobjetiva. Para se esconder do sol, um chapéu ou boné.

Quanto aos acessórios do meu equipamento (os chamados periféricos), não costumo utilizá-los tanto. O único que não sai da minha mochila é meu parassol, muito útil em dias bem ensolarados. Ele atua como um “óculos de sol” para a lente, impedindo que aquelas manchas de luz apareçam nas fotos, dependendo do ângulo de incidência.

Também tenho um filtro UV para as lentes, mas confesso que não o utilizei mais do que cinco vezes. Basicamente, a função dele é bloquear a luz ultravioleta de atingir o sensor (sensores antigos eram mais sensíveis a esse tipo de luz e podiam ser danificados, enquanto os mais atuais não enfrentam esse problema). Porém, o filtro UV é uma excelente alternativa de proteção contra riscos e arranhões em relação à própria tampa da lente, tendo em vista que (obviamente) ele a mantém aberta e nos dá mais agilidade para fotos mais repentinas.

Tripé

Outro acessório que ocasionalmente carrego, mas fora da mochila, é meu tripé. Por ser grande e um pouco pesado, só decido levá-lo quando tenho certeza que vou utilizá-lo. Esse item é essencial quando estiver trabalhando com velocidades baixas do obturador, uma vez que qualquer tremida na câmera pode causar borrões indesejados na imagem. Os tripés também são úteis em situações que você pretende esperar um animal em algum lugar, tanto para deixar uma composição pronta para o momento do clique, quanto para aliviar seu pescoço do peso do equipamento durante a espera.

Não importa o quão aberto o céu esteja, sempre desconfie de uma chuva repentina. Para isso, levo comigo uma sacola plástica resistente, sem nenhum buraco e grande o suficiente para cobrir todo o meu equipamento. Como não me importo tanto em me molhar, a capa de chuva é opcional na minha bagagem, mas é legal levar se sobrar um espacinho. Câmeras e lentes das linhas mais profissionais das principais marcas costumam ter proteção contra o clima já de fábrica, mas não custa nada se prevenir já que isso não é 100% garantido. Também existem lojas que vendem capas personalizadas para o modelo do seu equipamento, permitindo que você continue o utilizando debaixo de chuva com uma maior praticidade.

Apesar de não gostar (e nem recomendar) de fazer a limpeza do meu equipamento em campo, acho sempre necessário carregar algumas coisas em caso de emergência. Como não costumo trocar frequentemente de lente, levo apenas dois itens que ajudam a “socorrer” minha teleobjetiva, caso ela se suje: lenços especializados de limpeza da Zeiss (também servem para limpar óculos e binóculos) e um borrifador de ar, que improvisei de um perfume usado mesmo, para retirar o “grosso” da superfície da lente antes de esfregá-la com o lenço, evitando riscos.

Celular

Celular! Sim, pode me chamar de “millenial” ou “nutella” (o que não é mentira), mas esse aparelhinho pode ser muito valioso para conseguir algumas fotos, se usado da forma certa. Basta não se distrair no TikTok enquanto uma onça-pintada passa na sua frente. Brincadeiras à parte, utilizo aplicativos no meu celular para auxiliar a me localizar, identificar espécies, tocar playbacks para aves de forma controlada e até para disparar minha câmera de forma remota (no mesmo caso das fotos feitas com tripé e baixa velocidade do obturador). Se você for mais raiz do que eu – nada muito difícil -, alguns livros e guias são tão bons quanto para identificar os animais. Porém, devido às outras vantagens, à praticidade e ao tamanho/peso, fico com a tecnologia dessa vez.

Toalha

Outro objeto cotidiano que pode ser extremamente útil para nós, fotógrafos, é uma toalha (pode ser pequena mesmo), de preferência de cor escura. Além de enxugar, ela serve para forrar algum lugar que você queira utilizar para manusear seu equipamento sem o risco de sujá-lo ou estragá-lo, seja para trocar as lentes, baterias e cartões de memória, limpar o sensor da câmera etc.

E não acaba por aí, as toalhas ainda têm uma funcionalidade “secreta”. Com certeza você já teve dificuldade de enxergar a tela do seu celular em dias de sol muito forte – o mesmo acontece com as câmeras. O que vemos no viewfinder da câmera não é necessariamente o arquivo final da foto. Logo, depois de configurar direitinho seu equipamento para uma foto, é muito importante fazer uns testes e conferir na tela eletrônica se a exposição, foco e composição estão agradáveis, para evitar que você passe um período inteiro fotografando e descubra que algo estava errado só depois de chegar em casa e passar as fotos para o computador.

Para isso, basta jogar a toalha por cima da cabeça e da câmera, criando uma espécie de cabana que permite que você analise seus resultados sem nenhuma interferência da luz ambiente (daí a importância da cor escura da toalha, que bloqueia ainda mais a luminosidade).

Demais acessórios

Outros acessórios que são relativamente comuns na mochila de fotógrafos de vida selvagem, mas que não possuo, são os extensores e os grips. Os extensores são, literalmente, uma extensão da sua lente que se encaixa entre ela e a câmera. Sua função é aumentar o alcance do seu equipamento, sacrificando um pouquinho da nitidez e qualidade da imagem, mas nada muito grave. Os extensores mais comuns são os que amplificam sua lente em 1.4x e 2x (verifique também a compatibilidade entre as partes). Quanto aos grips, são peças de tamanho considerável que se encaixam debaixo do corpo da câmera e servem simplesmente para aumentar a duração da bateria, além de aumentar a superfície de manuseio e a quantidade de alguns botões.

Acredito que mencionei tudo que é essencial para fotografar animais e mais alguns extras, mas tenho certeza que muitos fotógrafos conhecem inúmeras outras maneiras criativas de utilizar objetos diferentes a fim de facilitar os registros. Antes de finalizar, é muito importante ressaltar que, normalmente, saídas a campo costumam ser bem cansativas, então é sempre bom dar uma olhada na previsão do tempo e planejar suas rotas e objetivos com antecedência, evitando levar alguma coisa desnecessária que só vai pesar na mochila durante a aventura.

Muito obrigado pela leitura e lembre-se de cuidar do seu equipamento, da sua saúde e do meio ambiente enquanto estiver fotografando na natureza. A mochila também serve como um lixo temporário para nossos resíduos. O certo é ela sempre voltar com nem nada a mais e nem a menos, a não ser as novas fotografias. Nos vemos em breve!

Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es).