Veterinária, mestra em Epidemiologia, doutora em Patologia e com pós-doutorado pela San Diego Zoo Institute for Conservation Research (EUA). É professora de Medicina de Animais Selvagens da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora colaboradora do Instituto Brasileiro para Medicina da Conservação – Tríade
saude@faunanews.com.br
Todos os anos, diversos filhotes de animais silvestres são retirados do seu ambiente. Isso é feito geralmente por pessoas bem intencionadas e que acreditam que os animais foram abandonados pelos seus pais. Resgatar animais que parecem precisar de ajuda faz parte da natureza humana. No entanto, muitos desses casos não necessitam da nossa interferência e mesmo quando o resgate se faz necessário, temos que agir de maneira correta.
O cuidado e a reabilitação de um filhote órfão requer uma grande dedicação, além de cuidados especiais. É necessário prover cuidados veterinários, acomodação, nutrição e manejo adequados para que o animal tenha condições de ser devolvido para o seu ambiente natural.
Ao encontrar um filhote de animal silvestre, em primeiro lugar, deve-se observar se ele está ferido. Caso esteja machucado, deve-se acondicioná-lo em uma caixa e deixá-lo em um local seguro, abrigado, silencioso e longe de pessoas e animais domésticos. Não se deve administrar nenhum tipo de medicamento para o filhote ou tentar qualquer procedimento para o tratamento. O mais apropriado é entrar em contato com o órgão ambiental local ou levá-lo diretamente para um centro de triagem e de reabilitação de animais silvestres (Cetas, Cras ou Cetras) mais próximos de onde o animal foi encontrado.
Por outro lado, se o filhote não estiver correndo algum risco, como de ser atropelado ou atacado por um animal doméstico, deve-se manter distância e observar se os pais estão próximos e o visitam. Nesse caso, não se deve pegá-lo, pois os pais cuidarão dele. No caso das aves, quando é possível visualizar o ninho e os pais estão por perto, pode-se recolocar a ave no ninho.
Quando houver risco de predação, deve-se colocar o filhote em um local seguro e ver se os pais voltam. Se os pais estiverem por perto, eles provavelmente continuarão a cuidar do filhote. Caso os pais não estejam próximos, deve-se acondicioná-lo e proceder conforme descrito previamente. A Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (Abravas) fez um esquema didático para ajudar nas decisões do que fazer quando se encontrar um filhote.
Os Cetas, Cras e Cetras estão aptos a receber filhotes órfãos ou machucados resgatados tanto pelos órgãos ambientais quanto pelos próprios cidadãos. Esses centros possuem equipes técnicas habilitadas para cuidar do animal até que esteja em condições de ser destinado. Alguns estarão aptos a viver em vida livre novamente e outros não. São necessárias avaliações comportamentais e clínicas do estado sanitário do animal para decidir se ele voltará à vida livre, visando diminuir o risco de soltura indiscriminada.
No Brasil, não é permitido que pessoas fiquem com animais silvestres de vida livre, mesmo sendo filhotes que necessitam de cuidados. Para se manter dentro da lei e propiciar ao animal uma maior chance de ser salvo, a conduta mais adequada é entrar em contato com os órgãos ambientais para o busquem para a devida destinação.
– Leia outros artigos da coluna SAÚDE, BICHO E GENTE
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)