Por Bruna Almeida
Bióloga e coordenadora do Projeto Reabilitação de Fauna Silvestre e das atividades de educação ambiental no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Catalão (GO)
universocetras@faunanews.com.br
Em meados de março, o Sars-CoV-2, causador da atual pandemia de Covid-19, teve sua repercussão em Catalão (GO), modificando a rotina de toda a população. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente fechou seus portões e iniciou o método de home office para alguns setores, entretanto, o centro de triagem de animais silvestres não se enquadra, pois necessita da manutenção diária. Para evitar aglomerações e riscos de contaminação, dividimos a equipe por turnos, tomando as medidas preventivas necessárias.
O Ibama, através do ofício-circular nº 12/2020, determinou que durante a pandemia os Cetas recebam apenas animais de caráter emergencial, oriundo de resgates e/ou recolhimentos. Em virtude disso, orientamos ao Corpo de Bombeiros Militar de Catalão (órgão parceiro e que realiza grande parte dos resgates no município e região) que encaminhasse somente animais feridos, debilitados ou outras condições similares que necessitasse de cuidados médicos e suspendemos o recebimento de animais saudáveis de entregas voluntárias.
Por causa do receio e da incerteza de não saber por quanto tempo o período de quarentena irá permanecer, decidiu-se adiantar algumas solturas de animais e remanejar o plantel visando o bem-estar de todos. A falta de alimento disponível na cidade foi um dos principais fatores que influenciaram essa decisão, pois nosso fornecedor principal relatou dificuldades de compras de frutas, verduras e folhas, itens essenciais na manutenção diária.
Diante disso, foram soltos os animais que estavam respondendo positivamente no processo de reabilitação, sendo eles tucanos, serpentes, papagaios, pássaros e ouriço-cacheiro. Na área de soltura escolhida, pode-se monitorar os animais que ali foram soltos e que permaneceram próximos ao local, bem como a interação deles com outros indivíduos da espécie de vida livre.
Quanto aos atendimentos emergenciais, um munícipe entrou em contato para a entrega de um jabuti-tinga (Chelonoidis denticulata) que apresentava uma inflamação. Ao receber o animal, constatou-se um prolapso peniano total, que necessitou de assepsia e relocação de órgão. O quelônio se encontra em recuperação, recebe alimentação balanceada e acompanhamento diário da equipe.
Vale ressaltar a importância dos voluntários em todas as atividades do Cetas nesse período de pandemia. Eles não medem esforços para contribuir na manutenção diária dos animais. Infelizmente, temos uma voluntária que faz parte do grupo de risco e, por isso, recomenda-se a quarentena. Particularmente, sou muito grata a todos os voluntários que dedicam ou já dedicaram seu tempo para os animais e que nos ensinam o que livro nenhum é capaz de ensinar.
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