Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
olhaobicho@faunanews.com.br
Nomes populares: rã-ponta-de-flecha, rã-ponta-de-flecha-da-amazônia, sapo-flecha-de-veneno-da-amazônia, sapinho-ponta-de-flecha, sapo-ponta-de-flecha-da-amazônia, sapo-venenoso-amazônico
Nome científico: Adelphobates galactonotus
Estado de conservação: “pouco preocupante” (LC) na lista vermelha da IUCN
O animal de hoje faz jus à época carnavalesca, já que suas cores chamativas bem que poderiam ser usadas em uma fantasia: o sapo-ponta-de-flecha.
Dono do que conhecemos como “coloração de advertência”, esse animal pertence a uma família famosa por sua característica tóxica, que pode levar um predador desavisado à morte. Esse tipo de coloração, ao longo do processo evolutivo, acabou favorecendo a prevenção de possíveis “acidentes” por ingestão, o que beneficia também a presa, que acaba sendo poupada.
Deixando a família de lado, a espécie em questão é endêmica (que só existe em uma região) do Brasil, sendo encontrada entre os rios Amazonas e Tapajós, principalmente nos estados do Pará, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.
É ativa durante o dia, vivendo tanto na serrapilheira como nas folhas de algumas plantas, perto de riachos e lagos.
Medindo por volta de 4 centímetros, pode apresentar várias cores, que variam entre preto com áreas laranja, vermelho, amarelo, azul claro, branco e creme. É importante assinalar que em cada localidade os indivíduos apresentam a mesma cor.
Possui a capacidade de obter alcaloides (um tipo de substância orgânica) do alimento que ingere, armazenando-os em tecidos especializados. Sua dieta consiste principalmente de ácaros e insetos, principalmente formigas, que captura com sua língua pegajosa.
Mas por que “flecha-de-veneno”?
Porque sua toxina é utilizada por alguns grupos indígenas, que costumam esfregar a ponta de flechas na pele do anfíbio, o que facilitaria a morte do animal atingido. Simples assim.
O flecha-de-veneno desova em terra e, após o nascimento, os girinos são transportados no dorso de um dos pais até o local onde terminarão seu desenvolvimento.
Como não poderia deixar de ser, esse simpático animal, apesar de estar em situação estável e pouco preocupante na lista de espécies ameaçadas, corre risco. A causa está no desmatamento, fragmentação do hábitat, presença de hidrelétricas, mineração, exploração madeireira, queimadas e tráfico internacional de fauna – suas cores, se por um lado o protegem, por outro o condenam ao cativeiro e à morte.
https://www.youtube.com/watch?v=JHRCT7ceVYc
– Leia outros artigos da coluna OLHA O BICHO!
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)