
Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
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Nomes populares: Sapo-cururu-pé-de-pato, aru, sapo-aru, sapo-do-suriname, pipa e sapo-pipa.
Nome científico: Pipa pipa
Estado de conservação: “pouco preocupante” na lista vermelha da IUCN e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio
Se você pensa que todos os anfíbios colocam ovos na água, dos quais os girinos saem algum tempo depois, sofrem metamorfose e vivem felizes para sempre após o beijo de uma princesa, lamento dizer, mas está na hora de rever seus conceitos.
Entre algumas formas não convencionais de reprodução desse grupo, chama atenção a que ocorre no sapo-pipa ou, simplesmente, pipa. Este sapinho sul-americano, pertencente à espécie Pipa pipa, ocorre na região amazônica em vários países, incluindo o Brasil.
Os adultos medem entre 12 e 20 centímetros de comprimento e têm o corpo achatado, lembrando uma folha. As mãos apresentam quatro dedos e os pés apresentam cinco. Os dedos das mãos possuem papilas sensoriais e os dos pés, membranas interdigitais. São essencialmente aquáticos e alimentam-se de invertebrados aquáticos, peixes, ovos e larvas. Não apresentam dentes e seus olhos são muito reduzidos.
Estas características por si só já colocariam nosso personagem no rol dos anfíbios bizarros, mas a cereja do bolo diz respeito à sua reprodução.

O processo ocorre na época das chuvas: a fêmea libera os ovos, que são fertilizados pelo macho abraçado a ela, enquanto o casal realiza várias piruetas circulares, como um looping. Esses ovos são depositados por ele nas costas da companheira, onde alojam-se, são encobertos pela pele da mãe em câmaras individuais e ali se desenvolverão. Após o período de incubação, os filhotes emergirão de suas câmaras totalmente formados.
Esta mãe literalmente ”carrega sua família nas costas”…
https://www.youtube.com/watch?v=SgROaJY6Xnk#t=29
Mas nem tudo são flores para esses animaizinhos curiosos. Apesar de apresentarem status “pouco preocupante” nas listas de espécies ameaçadas, o desmatamento, a agricultura e a invasão urbana, além de sua utilização como animais de estimação, constituem fatores preocupantes para a sua sobrevivência.
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