Por Cristina Rappa
Jornalista com MBA Executivo de Administração e especialização em Comunicação Corporativa Internacional. Observadora de aves e escritora de livros infantojuvenis com temática voltada à conservação da fauna
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Uma menina curiosa e preocupada com o meio ambiente e a saúde, a Gaby Gaby, é a personagem central dos livros da arte educadora Gabriela Brioschi, uma espécie de seu alter-ego, que leva as crianças a viajarem pela Amazônia e a discutir sobre sustentabilidade.
Artista plástica, Gabriela ingressou nesse mundo dos livros infantis pelas ilustrações, na década de 1980, apesar de desenhar desde criança. Daí, começou a publicar obras de arte-educação. Foi quando observou, no final dos anos 1990, que no PCN (sigla para Parâmetros Curriculares Nacionais, hoje ABCC, a Base Nacional Comum Curricular), documento com o conjunto de aprendizagens essenciais que os alunos devem desenvolver na educação básica no Brasil, estava crescendo a importância de temas ligados ao meio ambiente e sua preservação, que despertavam sua atenção.
“Sempre vivi imersa em natureza, esta natureza maravilhosa do Brasil”, conta ela, que começou então a estudar como inserir temas relacionados à natureza e à arte nos materiais, visando ao desenvolvimento das crianças. E assim começaram a surgir os livros infantis Bichos do Brasil, que apresenta às crianças a nossa rica fauna, Plantas do Brasil, sobre flora, e Doutor Lix contra o terrível monstro do lixo. “Minha preocupação era juntar os conceitos de preservação ambiental com princípios éticos, autocuidados e saúde”, diz ela.
Nessas obras, a heroína era a menina Flora, precursora da Gaby Gaby, que surgiria mais tarde, em 2015, em um evento de aniversário da praça Buenos Aires, localizada no bairro paulistano de Higienópolis, zona oeste da cidade. Para esse evento, a artista desenvolveu uma instalação com a nova boneca, batizada de Gaby Gaby, que trazia um QR Code levando a conteúdos sobre educação ambiental, tratando de temas como lixo, descarte de resíduos e dejetos, como as fezes dos cães, assíduos frequentadores dessa tradicional praça paulistana.
Quatro anos mais tarde, ela viajou para a Amazônia acompanhada por um lama tibetano e nascia o projeto SustentaMundo Viagem Amazônica. “Os budistas enxergam o planeta Terra como um organismo vivo, integrado e com alguns pontos vitais, sendo a Amazônia um deles”, explica sobre a companhia do lama.
No SustaMundo Viagem Amazônica, a menina Gaby Gaby conduz o leitor a uma viagem pela maior floresta tropical do planeta, falando de suas ricas fauna e flora, alimentos, costumes e ameaças. E termina com dicas para as crianças sobre como agir para proteger a Amazônia.
O projeto, que contou com recursos da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, consistiu na publicação de um livro escrito e ilustrado por Gabriela, com supervisão técnica da equipe da Fundação Amazônia Sustentável, para assegurar a correção das informações.
O livro, indicado para crianças e jovens de 9 a 12 anos, está disponível para download gratuito, sendo que ainda foram impressos e distribuídos três mil exemplares em escolas públicas e ONGs. Gabriela participou com a obra do evento Virada Sustentável na capital do Amazonas, em 2019, e conta que as aventuras amazônicas da Gaby Gaby foram “recebidas com muito carinho em Manaus e na Amazônia em geral”.
“O maior risco que vejo no projeto de um livro é ele não ter receptividade e não chegar às pessoas. Uma das minhas maiores motivações é facilitar a interação com as crianças”, diz, informando que o livro foi bem acolhido pelos professores, que tiveram materiais de apoio para trabalhá-lo nas escolas.
Ela se lembra de episódios comoventes em escolas públicas em locais muito carentes onde o livro chegou. “Existem muitos professores bons na educação pública no Brasil e quando eles acham que o material é bom, eles o valorizam, se motivam a desenvolver muitas atividades com os alunos em torno dos temas que ele traz”, afirma a autora.
O bom resultado do SustentaMundo Amazônia, motivou Gabriela a criar o SustentaMundo II, que leva ideias sobre diferentes ecossistemas, destacando seus aspectos geográficos, biológicos e culturais para as crianças. Também com patrocínio da lei nacional de incentivo à cultura, estão sendo desenvolvidos três livros, cujas histórias transcorrem em três diferentes cenários: Pantanal, Caatinga e, novamente, a Amazônia, desta vez tendo como enfoque os alimentos dessa floresta.
O projeto conta com supervisão técnica de um especialista e a ideia é agregar seminários on-line para professores e uma outra atividade aos livros, que também terão versões digital e impressa. “O objetivo nunca é substituir o livro impresso, mas conseguir multiplicá-lo em outras mídias, para que ele chegue a um maior número de crianças”, explica Gabriela.
“A necessidade de informações das crianças nessa área de ambiente é enorme e temos esta natureza exuberante e rica no Brasil. Assim, não tem quantidade máxima de assunto; ele não se esgota”, assegura a Gaby autora.
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