Coordenador de Comunicação da Associação Mata Ciliar, que mantém um centro de reabilitação de animais silvestres em Jundiaí (SP)
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Os passos são lentos e dolorosos rumo a um destino incerto, onde muitos até deixam para trás partes do próprio corpo sem que ninguém note ou, pior, que compactue com indiferença. Esse pensamento não é uma mera reflexão filosófica sobre a situação dos animais silvestres, mas foi exatamente o que aconteceu com um lobo-guará, resgatado em 26 de outubro pela Guarda Municipal de Itatiba (SP) depois de receberem a informação por munícipes de que o animal perambulava mancando pela cidade.
Até aí nenhuma novidade. Infelizmente os casos de aparições de lobos-guarás têm sido cada vez mais frequentes no interior de São Paulo devido à expansão urbana e industrial. Mas o fato que surpreendeu a todos é que o lobo não tinha a perna traseira direita e, mais espantoso ainda, foi a constatação de que o membro havia sido removido cirurgicamente já que os pontos da sutura estavam visíveis e, inclusive, inflamados.
A cirurgia teria ocorrido, no máximo, sete dias antes. Mesma época em que correu a informação de que um lobo-guará fora atropelado na região, mas ninguém encontrou o animal.
https://youtu.be/I0Hm0C6sszQ
As informações acabam aí. Ninguém sabe o histórico anterior desse animal. Onde ele havia sido encontrado? Quem o capturou? Para onde ele foi levado? Quem realizou a cirurgia? Como ele fugiu ou foi solto? Para onde ele iria depois de operado?
E pior: como nenhum órgão ambiental oficial foi notificado de todo esse processo e, principalmente, da sua fuga ou soltura? A fauna silvestre parece caminhar por uma escuridão sem fim, em que muita coisa estranha passa desapercebida aos olhos das autoridades. Muitos animais morrem silenciosamente e milhares têm um destino incerto.
Paralelamente, a história desse lobo-guará que propaga indagações também reforça a ideia de que não podemos ser tão ingênuos. Tudo isso que parece ser desconhecido pode sim ter motivação, consciência e uma finalidade; um objetivo que no contexto ambiental que estamos vivendo é mais sombrio do que parece.
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