Graduada em Ciências Biológicas e mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição e está vinculada ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (Nerf).
Seus interesses estão voltados para os impactos antrópicos na fauna silvestre. Atua na área da Ecologia de Rodovias para compreender os impactos direitos e indiretos, bem como explorar alternativas de mitigação.
Sabemos que veículos e animais colidem diversas vezes nas estradas, mas compreender como essas colisões afetam as populações dessas espécies não é uma tarefa fácil. Recentemente, um estudo realizou uma revisão e compilou os resultados de outros trabalhos que avaliaram o impacto dessas colisões nas populações das espécies vitimadas, buscando uma resposta geral sobre esse tópico. Embora o estudo tenha se concentrado apenas em mamíferos, apresenta resultados e conclusões interessantes que gostaria de compartilhar.
Um dos principais resultados foi que as colisões veículo-fauna nas estradas foi a maior fonte de mortalidade para, aproximadamente, um terço das populações de mamíferos avaliadas. Apesar da alta mortalidade, algumas populações estudadas demonstraram taxas de crescimento estáveis ou em elevação ao longo de três ou mais anos. Tal fato pode estar associado às características das populações das espécies avaliadas, como alta taxa de fecundidade, alta densidade populacional e capacidade de gerar novos indivíduos na população para “repor” os indivíduos mortos. Contudo, se mais fêmeas são mortas nas colisões com veículos nas estradas, isso reduzirá a capacidade de geração de novos indivíduos nas populações, o que também poderá aumentar a mortalidade de filhotes dependentes, desestabilizando a população.
Por fim, o estudo concluiu que as colisões nas estradas podem ter impactos diferentes entre as populações de mamíferos, principalmente se o hábitat é favorável para aquela determinada espécie. Além disso, se as populações de predadores de topo se tornarem vulneráveis, isso pode desencadear alterações na comunidade daquela região e desequilibrar o ecossistema.
Estudar e monitorar populações de mamíferos é um grande desafio, requer equipamentos apropriados às espécies estudadas, disponibilidade de equipes, tempo e recursos financeiros, o que torna esse tipo de estudo custoso. Devido a essas questões e dificuldades, há poucos estudos que avaliem adequadamente o impacto das colisões nas estradas nas populações das espécies. Apesar dessas limitações, pesquisadores seguem buscando soluções para compreender melhor o fenômeno, como na revisão citada.
Ainda que reduzir o número de colisões entre veículos e fauna seja um desafio, podemos encontrar alternativas para evitar o declínio das populações de fauna que vivem no entorno das estradas. Acredito que o estudo de revisão mencionado demonstra a importância da conservação do ambiente no entorno das estradas, permitindo a presença de hábitats adequados para as populações de interesse, pois assim pode ser possível manter populações estáveis ou em crescimento.
É igualmente importante continuar avaliando e estudando se as decisões e as medidas adotadas para reduzir o impacto das colisões estão sendo efetivas, tanto na redução dos atropelamentos quanto na manutenção das populações.
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)
Graduada em Ciências Biológicas e mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição e está vinculada ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (Nerf). Seus interesses estão voltados para os impactos antrópicos na fauna silvestre. Atua na área da Ecologia de Rodovias para compreender […]
