Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
olhaobicho@faunanews.com.br
Nomes populares: coruja-buraqueira, caburé, caburé-de-cupim, caburé-do-campo, coruja-barata, coruja-do-campo, coruja-mineira, corujinha-buraqueira, corujinha-do-buraco, corujinha-do-campo, guedé, urucuera, urucureia, urucuriá, coruja-cupinzeira e capotinha
Nome científico: Athene cunicularia
Estado de conservação: “pouco preocupante” (LC) na lista vermelha da IUCN e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção – ICMBio
Conhecidas como símbolo de inteligência e mistério, as corujas têm sido imortalizadas há anos, tanto na literatura como no cinema. Exemplos não faltam, como em A Bela Adormecida, A Espada era a Lei e A Lenda dos Guardiões, entre outros. Mas foi como mensageiras na saga Harry Potter que esses animais foram redescobertos pela cultura pop e lançadas à fama, nem sempre benéfica.
Presentes em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil, onde ocorrem em quase todo o território, muitas vezes são erroneamente vendidas e mantidas em cativeiro como animais de estimação.
Lembrando sempre que o melhor lugar para um animal silvestre é seu habitat natural, vamos conhecer uma das corujas mais comuns e populares por aqui: a coruja-buraqueira.
Seu nome está associado ao fato de cavarem buracos e túneis, nos quais habitam e constroem seus ninhos.
Ao contrário da maioria das corujas, que são noturnas, as corujas-buraqueiras têm hábitos diurnos e noturnos, sendo mais ativas no fim da tarde e início da manhã.
Com a visão aguçadíssima e a audição privilegiada, caça suas presas com muita eficiência. Sua dieta é composta por insetos, outros artrópodes e pequenos vertebrados.
Sua coloração, na maioria das vezes marrom-acastanhado, com manchas amarelas e sobrancelhas brancas, é muito eficiente na camuflagem, que a protege contra predadores, como outras aves de rapina, felinos e serpentes. Os olhos são grandes e amarelos.
São aves de porte pequeno, medindo entre 19 e 26 centímetros e pesam de 147 a 240 gramas). Os machos da espécie, ao contrário da maioria das corujas, são um pouco maiores que as fêmeas.
As corujas-buraqueiras habitam áreas abertas ou semiabertas, como cerrado, restingas, campos naturais, encostas de montanhas, praias e até terrenos baldios. É comum vê-las em postes, mourões de cerca, fios, montes de terra perto de seus abrigos ou no solo próximo ao ninho. Curiosamente, costumam ficar equilibradas em uma perna só.
Aliás, os buracos que lhes deram o nome tanto podem ser cavados pela própria coruja como reaproveitados de outros animais, como tatus. Cupinzeiros também são bem-vindos. Aquelas que vivem em áreas urbanas geralmente toleram a presença humana e de outros animais.
Na época da reprodução, que se inicia entre março e abril, o casal reveza-se na construção e preparo do ninho. Cavam túneis e forram o fundo com capim. A fêmea coloca de quatro a oito ovos, que serão chocados por ela durante 25 a 30 dias. O macho cuida da alimentação e proteção dos filhotes. Com apenas 14 dias de vida, estes saem do ninho, mas ficam na entrada da toca e ainda serão alimentados pelos pais. Com 49 a 56 dias, aprendem a caçar, mas devem estar atentos aos adultos: ao menor sinal de advertência, correm para o ninho enquanto os pais atacam a fonte de perigo.
E por falar em perigo, a maior ameaça à qual as corujas-buraqueiras estão sujeitas é o homem, seu maior inimigo, seja pela captura para comercialização seja pela destruição de seu habitat, ou pelo trânsito de veículos sobre a vegetação da praia ou outras localidades onde seus ninhos estão localizados. Ao passarem sobre a abertura dos ninhos, soterram os túneis, provocando a morte dos habitantes por asfixia.
https://www.youtube.com/watch?v=FItdxxPLc_c&t=54s
– Leia outros artigos da coluna OLHA O BICHO!
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)