
Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br
Nomes populares: harpia, gavião-real, uiraçu, apacanim, cutucurim, guiraçu, uiruuetê
Nome científico: Harpia harpyja
Estado de conservação: “quase ameaçada” na lista da IUCN e “vulnerável” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Em janeiro de 2021, Cristiano Godinho, gerente de uma fazenda em Bodoquena (MS), conseguiu fazer o raro registro fotográfico de uma harpia carregando um macaco. A imagem desperta sentimentos antagônicos: uns sentem pena do macaco (que acabou caindo do bico da ave), enquanto outros pensam nos filhotes que estavam no ninho esperando a mãe voltar com alimento. De qualquer ângulo que se olhe, é uma imagem impactante. Até porque a harpia é uma ave impressionante.
Também chamada de gavião-real, uiraçu, apacanim, cutucurim, guiraçu e uiruuetê, é a maior águia das Américas, umas das maiores do mundo. Ela é muito forte, com bico e garras potentes o bastante para predar animais do porte de um macaco. As fêmeas são maiores que os machos, podendo atingir até 105 centímetros de comprimento e nove quilos. A envergadura de suas asas largas e arredondadas chega a dois metros.

A harpia alimenta-se basicamente de outros animais. Preguiças, primatas, cachorros-do-mato, veados, quatis, gambás, tatus, seriemas, araras, mutuns e répteis compõem a sua dieta. Isso faz dela uma caçadora poderosa, capaz de capturar presas com mais de seis quilos. Normalmente as presas maiores são pegas pelas fêmeas, enquanto os machos ficam com os mamíferos terrestres menores e as aves.
Para caçar, a harpia usa a estratégia da espreita. Fica pousada por grandes períodos, o que, junto à sua coloração em tons de cinza, pouco chamativa, faz com que não seja notada apesar do grande tamanho. Ela se desloca com agilidade e é capaz de capturar uma presa tanto nas árvores quanto no chão.
Originalmente, a harpia era encontrada desde o sul do México até a Bolívia, chegando ao nordeste da Argentina e por quase todo o Brasil. Mas isso mudou e hoje é cada vez mais difícil encontrar uma. Ela faz parte de quase todas as listas estaduais de espécies ameaçadas existentes, sendo considerada extinta e provavelmente extinta no Rio Grande do Sul e em São Paulo, respectivamente. Atualmente, as populações mais relevantes da harpia são encontradas na região amazônica e em alguns remanescentes florestais preservados no Centro-oeste e no Sudeste do Brasil.
Apesar dos relatos existentes sobre caça de harpia para consumo humano, você já deve ter percebido que a grande ameaça a esta espécie, assim como acontece com milhares de outras, é o desmatamento e a fragmentação e alteração de seu habitat. Parece repetitivo. E é. Porque enquanto o desmatamento não acabar, a ameaça à vida vai continuar.
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