Goiânia registra caso de morcego com raiva. O que devo saber

Um caso de morcego infectado por raiva foi registrado em Goiânia (GO). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ele não teve contato nem com pessoas nem com outros animais. O exemplar pertence a uma espécie insetívora (que se alimenta de insetos) chamada Nyctinomops laticaudatus.

Morcegos são extremamente importantes para a natureza. Se eles estiverem voando livremente no período noturno, não são considerados animais suspeitos. Nessas condições, os animais não oferecem risco, desde que não sejam manipulados pelos moradores.

A raiva humana é uma doença viral reemergente negligenciada com um impacto significativo na saúde pública em comunidades e países de baixa e média renda. A enfermidade tem uma incidência anual de aproximadamente 59 mil casos em 150 países, com uma taxa de mortalidade de quase 100%.

É transmitida através da exposição à saliva do animal infectado e é completamente evitável com a vacinação. Vacinar cães em uma região cria imunidade de rebanho e diminui as chances de transmissão da raiva. No entanto, os animais selvagens, especialmente os quirópteros, sustentam as linhagens do vírus da doença em vários ciclos epidemiológicos.

A mudança no padrão epidemiológico da raiva no Brasil coincidiu com a alteração das doses de soro antirrábico administradas. Nos últimos anos, o número de doses de vacina antirrábica administradas diminuiu. Os fatores que representam uma ameaça aos programas efetivos do país para a eliminação e controle da raiva transmitida por cães incluem a possibilidade de escassez de estoque de soro antirrábico e vacina antirrábica e protocolos de tratamento ineficientes para exposição pós-rábica.

Mudanças climáticas podem impactar a dinâmica da população de morcegos e, como resultado, surtos de raiva. Várias investigações sobre a distribuição espaço-temporal do vírus em morcegos e outras espécies de mamíferos descobriram que variáveis como chuva, temperatura e oscilação do El Niño afetam a prevalência de surtos de raiva em determinados locais, estações e durante o ano. A alteração nos climas regionais e locais por causa do aquecimento global pode geram modificações em áreas abundantes com morcegos e levar à incidência de raiva humana em regiões onde a doença não foi relatada. Além disso, o desmatamento, as mudanças nos padrões de uso da terra e a substituição de ecossistemas naturais por prados quando o número de gado aumenta também levam a uma mudança no hábitat das espécies de morcegos.

Raiva em morcegos
Os morcegos infectados podem não apresentar sinais da doença raiva. A infecção só é confirmada em laboratório. Os sinais clínicos em morcegos podem incluir mudanças de comportamento (os animais infectados tem maior propensão a agressividade), desorientação e dificuldade em voar (morcegos infectados podem ser feridos como resultado) e olhos assumindo uma expressão fixa.

A raiva está presente na saliva de morcegos infectados e geralmente é transmitida pela mordida de um morcego infectado. A doença também pode se espalhar se a saliva de um animal infectado entrar em feridas abertas ou membranas mucosas, como narinas, boca e lábios, pálpebras e orelhas.

Os seres humanos podem pegar raiva de um morcego, embora isso seja muito incomum. Em humanos, os sintomas da doença incluem ansiedade, dores de cabeça e febre nos estágios iniciais; espasmos dos músculos da deglutição, tornando difícil ou impossível beber e dificuldade respiratória.

A raiva não tem cura: mata. Portanto, ao adentrar em matas ou encontrar um morcego de dia em casa não manuseie o animal. Procure a Secretaria de Meio Ambiente para monitoramento dos animais nas áreas urbanas e rurais. O melhor remédio para raiva continua sendo a prevenção, portanto a vacinação dos animais domésticos e de produção é bastante importante para o controle da doença.

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