Nascido em São Paulo (SP), formado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e fotógrafo de vida selvagem desde 2017. Ministrou durante dois anos o curso de Fotografia de Vida Selvagem para Iniciantes através de um projeto de extensão do Ministério da Educação. Tem experiência com pesquisas na área de ornitologia, ecologia e comportamento animal, além de divulgação científica.
Olá, espero que esteja tudo bem com você! Retomando a nossa série, já estava sentindo falta de escrever um pouco sobre aves. E nada melhor do que matar essa vontade com os exuberantes e icônicos tucanos brasileiros. Hoje, vamos abordar as quatro espécies do gênero Ramphastos que ocorrem em nosso país: o tucanuçu (Ramphastos toco), o tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), o tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus) e o tucano-de-papo-branco (Ramphastos tucanus).
Todos eles possuem tamanhos bem semelhantes, sendo os maiores o tucano-de-papo-branco e o tucanuçu (medindo cerca de 55 centímetros de comprimento e pesando entre 550 e 700 gramas) e os menores o tucano-de-bico-verde e o tucano-de-bico-preto (medindo cerca de 45 centímetros de comprimento e pesando entre 270 e 400 gramas). A maior diferença de peso entre as espécies pode ser explicada pela discrepância de tamanho dos bicos.
Para deixar mais organizado, preparei uma lista com as principais características morfológicas de cada animal:
A alimentação dos quatro tucanos também é bem semelhante, o que varia são as espécies vegetais e animais consumidas por cada um, devido às suas diferentes distribuições geográficas. Ela consiste principalmente em uma grande variedade de frutos, insetos e outros artrópodes e pequenos vertebrados. Além disso, eles são notórios por saquearem os ninhos de outras aves e se alimentarem dos ovos e até dos filhotes.
As quatro espécies também compartilham o mesmo estado de conservação, estando classificados como “pouco preocupante” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), sendo os dados atualizados pela última vez em 2018 para o tucano-de-bico-verde e 2021 para os outros três. No entanto, em todos os casos, a triste previsão é de que as populações diminuam nos próximos anos. Os principais fatores que influenciam essa queda são a destruição dos hábitats e a caça, tanto para subsistência quanto para o abastecimento do tráfico de animais.
Como a distribuição geográfica dos tucanos brasileiros varia de acordo com a espécie, vou novamente utilizar uma lista para caracterizar cada uma delas:
Uma boa teleobjetiva será essencial para fotografar qualquer um dos quatro tucanos, considerando que essa categoria de lente é a mais recomendada para o registro de aves. Uma distância focal a partir de 200mm/300mm seria ideal.
Na minha experiência, a distância que você consegue diminuir em relação ao animal depende muito da espécie e, em alguns casos, até do indivíduo. Já encontrei muitos tucanuçus em alturas relativamente baixas, enquanto os tucanos-de-bico-verde que fotografei estavam normalmente no topo de árvores mais altas, por exemplo. Além disso, tucanos mais acostumados com a presença humana (como aqueles que vivem em parques públicos ou que frequentam comedouros) costumam permitir uma aproximação um pouco melhor.
Alguns acessórios também podem nos ajudar a documentar essas aves, como o parasol (para reduzir o lens flare), extensores (para aumentar o alcance das lentes) e tripés (para aumentar a estabilidade da câmera e, consequentemente, conseguir uma nitidez melhor).
Mesmo em voo, os tucanos não são animais tão rápidos e ágeis. Portanto, priorize a entrada de luz na câmera, tentando deixar o ISO o mais baixo possível e configurando a velocidade do obturador para congelar bem a imagem (a partir de 1/400s deve dar conta do recado na maioria das situações com essas aves).
Lembre-se de tomar cuidado com o ângulo da foto. Se colocar diretamente abaixo de um tucano que estiver em uma árvore pode não ser tão agradável para a composição. Tente dar uns passos para trás e depois, na edição, corte a imagem para deixar o assunto um pouco maior no frame.
Como os tucanos são animais muito coloridos, pode ser interessante procurar por planos de fundo mais neutros. Assim, o contraste fica mais harmonioso e evita o excesso de informação em sua imagem.
Como de praxe para a maioria das aves, os principais períodos de atividade dos tucanos são ao nascer e ao pôr do Sol, uma feliz coincidência para nós fotógrafos, considerando a qualidade da iluminação nesses horários.
Depois de escolher uma das quatro espécies para fotografar, dê uma estudada na dieta específica dela. Assim é possível encontrar as suas árvores preferidas em campo e esperar ao redor delas para aumentar suas chances de encontro.
Outros pontos de espera que podem render resultados positivos são os ocos de árvores, que são frequentemente escolhidos como locais de descanso pelos tucanos. Se estiver em uma área com presença confirmada de um bando de tucanos e estiver com dificuldade de achá-los, vale a pena tentar essa estratégia.
Apesar de muito vistosos, os tucanos acabaram se tornando “animais comuns” para nós brasileiros (principalmente o tucanuçu), isto é, provavelmente uma ave que todo mundo vai ver ao menos uma vez na vida. Porém, é normal nos esquecermos que temos a sorte de estar no país com a maior biodiversidade do mundo. Muitos fotógrafos e observadores de aves estrangeiros passam anos se planejando para conhecer nossa avifauna e os tucanos são sempre lembrados como as estrelas do show.
Ao mesmo tempo em que vejo essas aves com uma beleza elegante e inigualável, também enxergo um lado engraçado dos tucanos, seja pelo barulho que eles fazem ou pelo jeitão desengonçado. E é isso que os torna muito fascinantes de se registrar.
E você, já conhecia todas as quatro espécies de tucanos brasileiros? Independentemente da sua resposta, espero que tenha curtido o conteúdo do artigo. Muito obrigado pelo seu tempo e até a próxima!
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es).
Nascido em São Paulo (SP), formado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e fotógrafo de vida selvagem desde 2017. Ministrou durante dois anos o curso de Fotografia de Vida Selvagem para Iniciantes através de um projeto de extensão do Ministério da Educação. Tem experiência com pesquisas na área de ornitologia, ecologia e comportamento […]
