Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Pós-doutoranda em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses na Universidade de São Paulo (USP). Mestra em Ecologia e Evolução e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista. Coordenadora de Fauna da Prefeitura de Anápolis (GO). presidente da Comissão de Animais Selvagens e Meio Ambiente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás e docente na UniGoyazes.
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As festas de fim de ano – Nata e Ano Novo – estão chegando e alguns cuidados são necessários para proteção dos animais silvestres.
A audição de muitos animais é muito mais sensível do que nos humanos, então as explosões de fogos de artifício não são apenas mais perturbadoras para eles, mas podem prejudicar o aparelho auditivo mais severamente. Os fogos de artifício podem emitir sons de até 190 decibéis (110 a 115 decibéis acima da faixa de 75 a 80 decibéis, nível em que começa o dano ao ouvido humano). Essas explosões geram um nível de ruído mais alto do que tiros (140 decibéis) e alguns aviões a jato (100 decibéis), podendo causar perda de audição e zumbido.
Além desses malefícios, os ruídos dos fogos de artifício causam medo nos animais. Na verdade, a exposição repetida a sons altos e inesperados pode causar fobias em muitos espécimes, aumentando as reações de pânico a ruídos altos no futuro.
Na virada de ano de 2011, em Arkansas (EUA), provavelmente os fogos de artifícios foram responsáveis pela morte de milhares de pássaros. O barulho e a luminosidade perturbaram as aves fazendo com que elas colidissem em casas, carros e no chão, levando muitas a óbito.
Já na virada para este ano, ocorreu outro episódio que resultou na morte de aves silvestres. O caso aconteceu na Itália, onde os fogos causaram parada cardíaca nos animais.
Os fogos de artifício também são venenosos e as explosões liberam partículas nocivas, como poeira fina, que é tóxica para inalar. Podem agravar doenças existentes e causar outras. Portanto, fogos de artifício representam um perigo tanto para os animais que vivem em áreas onde explodem quanto aos que habitam locais relativamente distantes, já que o vento transporta as partículas. Existe também o risco de ingestão de resíduos, além de mutilações, queimaduras e danos nos olhos aos espécimes que estiverem na região do evento.
Há também o risco de incêndios, que ferem os animais. Quando ocorrem acidentes desse tipo que afetam os humanos, é comum falarmos sobre isso, mas devemos lembrar que essas ocorrências afetam bastante os animais de outras espécies.
Não solte fogos de artifícios. Se o fizer, vale a pena tomar alguns cuidados para minimizar qualquer dano potencial aves e outros animais selvagens.
Não solte fogos de artifício antes de escurecer. O crepúsculo é um momento importante de alimentação para muitas aves e de noite há muito menos animais que podem ser atingidos pelos fogos de artifício.
Não solte fogos de artifício perto de árvores, arbustos, locais de nidificação e dormitórios de aves. Animais pequenos podem não ser visíveis em arbustos ou árvores densos e os fogos podem assustá-los e deixá-los mais vulneráveis a predadores. Eles também podem entrar em pânico e voar para as janelas.
Se você foi usar fogos de artifício em seu jardim, remova os comedouros e as banheiras das aves com antecedência para garantir que nenhuma cinza e outros detritos acabem na comida ou na água consumida pelos animais. Se não for possível removê-los, limpe-os bem cedo na manhã seguinte.
Limpe o local completamente após qualquer exibição de fogos de artifício. Remova todas as embalagens, papéis, plásticos, fósforos e cinzas. Os detritos podem conter produtos químicos tóxicos para os animais.
Celebre a vida respeitando as demais. Boas festas!!!
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