Febre maculosa: como observadores de aves devem se proteger?

A febre maculosa é uma doença causada por bactérias do gênero Rickettsia. Elas podem infectar carrapatos, que têm potencial para transmitir a enfermidade.

Os carrapatos infectados transmitem a bactéria ao alimentarem-se de sangue de seres humanos e outros animais.

O risco de contrair a doença pode gerar impacto significativo na atividade de observação de aves, pois quando os praticantes visitam áreas naturais, há chance de entrarem em contato com o carrapato-estrela (tipo responsável pela transmissão da bactéria da febre maculosa). Esse vetor da doença habita principalmente áreas urbanas e rurais com presença de capim e animais domésticos ou silvestres, como cavalos, gambás e capivaras (hospedeiros desse carrapato).

Recomendações para evitar a febre maculosa
A doença pode causar sintomas graves nos seres humanos, como febre alta, dores musculares e de cabeça, erupções cutâneas e, em casos mais graves, danos a órgãos internos e morte. Para minimizar o impacto da febre maculosa na observação de aves, é importante tomar precauções de segurança específicas. Preparei uma série de dez recomendações para que você esteja bem orientado para evitar essa doença sem ter que parar de observar aves.

1 – Use roupas adequadas
Utilize roupas de manga longa, calças compridas e sapatos fechados para reduzir a exposição da pele aos carrapatos. Uma dica adicional é colocar as meias por cima da calça e aplicar uma fita adesiva com a parte colante para fora, assim os carrapatos ficarão aderidos na fita. Prefira roupas de coloração clara, pois são melhores para detectar os carrapatos.

2 – Lave as roupas adequadamente
Após a observação de aves, enxágue roupas e meias com água fervente para matar quaisquer carrapatos adultos, vermelhinhos (ninfas) ou micuins (larvas) presentes, pois esses últimos podem ser muito difíceis de serem localizados na pele e vestimentas. A lavagem normal não mata os carrapatos.

3 – Aplique repelente
Use um repelente específico para carrapatos, porque eles são aracnídeos e não insetos. Existem poucas opções seguras e eficazes no mercado. Recomendo o uso de Icaridina a cada 6 ou 12h, de acordo com a recomendação do fabricante ou DEET (KBR 3023) a cada 2h, pois a concentração desta substância nos produtos é baixa (15%). A aplicação pode ser feita na pele, roupas e calçados.

4 – Caminhe apenas em trilhas bem demarcadas
Fora da trilha, a vegetação é alta e os carrapatos podem ser mais abundantes, especialmente em gramados altos e arbustos. Os carrapatos imaturos e jovens, conhecidos popularmente como micuins e vermelhinhos, ficam na ponta do capim esperando seus hospedeiros, que podem ser pessoas, cães, cavalos, bois ou animais silvestres como a capivara e o gambá.

5 – Faça verificações regulares
Procure carrapatos em seu corpo durante e após a atividade de observação de aves para removê-los o mais rápido possível. Isso é muito importante porque, em média, o carrapato precisa ficar de quatro a seis horas fixado na pele para transmitir a forma ativa da bactéria. Portanto, esteja atento a qualquer coceirinha ou pontinho escuro em sua pele e roupas.

6 – Remova os carrapatos corretamente
Caso encontre um carrapato em seu corpo, remova-o cuidadosamente com uma pinça, segurando-o pela cabeça e puxando-o suavemente, sem esmagar. Ao romper o carrapato ocorre a liberação da hemolinfa e é nesse líquido que a bactéria causadora da doença está em alta concentração. Os carrapatos removidos devem ser guardados em um frasco com álcool. Nunca os esmague, pois poderá se contaminar com as bactérias ou espalhar ovos no ambiente, se for uma fêmea. Mas, se a pinça não estiver por perto ou se a infestação for muito intensa por micuins ou vermelhinhos, a prioridade é livrar-se dos carrapatos o mais rápido possível.

Tome banho com sabonetes que têm ação acaricida (os mesmos recomendados para sarna humana). É altamente recomendado consultar um profissional habilitado para obter a orientação de como e qual produto usar quando são muitos carrapatos.

8 – Evite contato com cães e gatos desconhecidos
Os animais domésticos também podem transmitir o carrapato infectado para o ser humano. Quando o cão é o animal que adquire o carrapato contaminado na natureza e transmite para a gente, a bactéria já está na forma infectante. Dessa forma, poucos minutos já são suficientes para contrair a doença. Sendo assim, a recomendação é manter seus cães e gatos com o preventivo contra carrapatos sempre atualizado e não interagir com animais nas trilhas.

9 – Conheça as áreas de risco
Esteja ciente das áreas conhecidas por terem alta incidência de carrapatos infectados e tome precauções adicionais ao visitá-las ou exclua essas áreas de seus roteiros. A maior concentração de casos da doença na forma grave está acontecendo na região Sudeste, especialmente no interior de São Paulo.

10 – Mantenha-se informado
Atualize-se sobre as informações e diretrizes fornecidas pelas autoridades de saúde locais em relação à febre maculosa e ajuste suas práticas de observação de aves conforme necessário.

Seguir essas recomendações ajudará a minimizar o risco de contrair a febre maculosa durante a observação de aves, permitindo que você desfrute da atividade de forma segura e responsável. Compartilhe este informativo para ajudar a proteger familiares e amigos.

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