Por Bibiana Terra
Graduada Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é mestranda junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF) da mesma universidade
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Você já chegou perto de um peixe, ou até mesmo esbarrou em um, enquanto aproveitava o banho de mar nas suas férias, né? Provavelmente, ele deve ter saído nadando tão rápido que você nem percebeu para qual direção foi. Agora, imagine se no seu lugar estivesse um navio e no lugar do peixe uma baleia. Você acha que a reação seria diferente?
E o que isso tem a ver com estradas?
Como já abordamos aqui no Fauna e Estradas, as colisões de navios com baleias e tubarões têm sido reconhecidas como uma ameaça a esses animais. Mas será que só as colisões podem ser consideradas um problema? Em um estudo recém-publicado, um grupo de pesquisadores utilizou informações sobre impactos de rodovias terrestres para examinar impactos das rodovias marinhas (ou rotas marítimas) nos animais marinhos.
As rodovias marinhas são consideradas extensões das terrestres. Elas concentram o movimento das embarcações e, assim, podem ter impactos negativos sobre o ambiente. O impacto mais popular entre os causados pelas embarcações são as colisões dos navios com os animais. Mas além dos atropelamentos, esse estudo exemplificou outros problemas causados pelas rodovias, dos quais vou entrar em detalhes apenas na modificação do comportamento animal.
Segundo os autores, os animais podem ter seus comportamentos afetados pelo som emitido pelos navios. Alguns navios produzem sons de baixa-frequência que percorrem distâncias enormes no oceano e confundem os organismos que conseguem escutá-los. Isso pode levar a mudanças nos padrões de deslocamento e de alimentação das baleias e também na comunicação desses animais, pois eles detectam e se comunicam por meio desse tipo de frequência.
Apesar de as rodovias marinhas estarem distribuídas em todo o mundo, ainda se sabe pouco sobre as suas consequências. Esse estudo forneceu informações sobre alguns desses impactos e outros pesquisadores podem seguir essa linha de pesquisa em busca de diminuir o efeito das embarcações nos animais. Visto que o conhecimento sobre rodovias terrestres é maior, podemos nos basear neles para identificar não só os impactos possíveis no ambiente marinho, mas também as opções para mitigá-los.