Estruturas de áreas de solturas podem ajudar centros de reabilitação de fauna

Todas as etapas envolvidas no processo de encaminhamento de fauna silvestre, desde o recebimento do animal até sua total reabilitação para a soltura em seu meio natural, podem apresentar inúmeras dificuldades. No manejo das aves, por exemplo, o processo de reabilitação é a etapa mais importante e a mais demorada.

O formato que seguíamos para a destinação de fauna silvestre no estado de São Paulo, através do Departamento de Fauna (Defau), começava com o recebimento do espécime por um centro de triagem de animais silvestres (Cetas) para, na sequência, ser levado a um centro de reabilitação de animais silvestres (Cras). Atualmente, existem os centros de triagem e reabilitação de animais silvestres (Cetras) que têm o intuito de simplificar esses trâmites, unindo a recepção e a reabilitação no mesmo local.

Porém, na realidade, todos estes centros estão lotados e não há recintos suficientes para treino de voo ou reabilitação de interações sociais e de hábitos alimentares,  por exemplo. A grande maioria dos animais que chega nesses centros são aves, podendo chegar em 90% das entradas.

Após a mínima reabilitação que conseguem fazer, as aves são encaminhadas para as áreas de solturas, localizadas em fazendas ou chácaras que possuam uma estrutura natural próxima àquela que o espécime necessita para ser inserido no hábitat. Algumas áreas possuem viveiros grandes para receber esses animais; outras têm o modelo de solturas diretas, amparados apenas por comedouros para suporte na etapa pós soltura. A maioria das áreas de solturas que possuem viveiros costuma receber lotes de aves, fazendo a adaptação durante 10 e 15 dias, a título de exemplo, e para posterior liberação para vida livre .

Após a soltura, é feito o monitoramento para acompanhar a adaptação das aves ao meio natural, oferecendo reforço alimentar por um período. Porém, até receberem outros lotes de animais, os viveiros ficam ociosos por meses, na maioria dos casos. Sendo assim, para melhor reabilitação da fauna, uma alternativa seria usar as estruturas de viveiros das áreas de solturas pelos centros de triagem e reabilitação. Uma parceria entre Cetras e áreas de solturas ajudaria muito a amenizar essa problemática de animais sendo soltos sem terem passado por qualquer tipo de reabilitação.

Parceria entre ASMs e Cetras

Um modelo que deu certo é o da Área de Soltura Monitorada (ASM) Cambaquara, em Ilhabela (SP). Nela é feita reabilitação e soltura no mesmo local. Para se ter uma ideia, os psitacídeos levam de seis meses a dois anos para estarem aptos para o retorno à natureza. Porém, pelo fato de estarmos em uma ilha, temos muitas restrições na questão do recebimento de animais silvestres.

Recebemos apenas aves do próprio município. Trabalhamos com a fauna local e atendemos ranfastídeos (família dos tucanos e araçaris) e psitacídeos (família dos periquitos, araras, etc.). Mas se temos espaço e condições de receber, também cuidados de aves de outras espécies.

A alternativa de os Cetras usarem a estrutura das áreas de soltura através de parcerias pode ser uma solução imediata para o entrave que tem sido a reabilitação de animais silvestres. A proposta do modelo da ASM Cambaquara é para ser pensada em médio e longo prazos. A ideia é ter pequenos centros de cuidados aos animais silvestres, sejam eles municipais ou regionais, que possam atender as demandas locais.

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