Biólogo, mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangará da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), em Recife, e coordenador técnico do projeto de reabilitação, soltura e monitoramento de papagaios-verdadeiros intitulado de Projeto Papagaio da Caatinga
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Mais uma temporada reprodutiva da fauna no Cerrado se inicia e, com ela, velhos problemas voltam a se tornar atuais como se o ocorrido anos atrás tivesse sido esquecido. Porém, um setor dos órgãos ambientais dificilmente esquece o que cada período como esse deixa de lembranças: os centros de triagem e de reabilitação de animais silvestres (Cetras).
O tráfico de animais silvestres nesse período é o mais acentuado e o que mais causa efeitos catastróficos nesse bioma e seus números são cada vez mais alarmantes. Já em 2022 temos ocorrências expressivas, como as apreensões de pássaros na Bahia, totalizando mais de mil animais em apenas dois casos (dia 11 e dia 12 de setembro) e 64 filhotes de papagaios no Piauí. Estamos assistindo a mais uma temporada de terror com os mesmos problemas e os mesmos atores.
Estresse, aflição e angústia
Essa problemática causa um intempestivo clima de aflição e angústia nas equipes técnicas dos Cetras, pois vive-se a expectativa de saber quantos animais vão chegar desta vez e qual o estado de saúde deles. Ao mesmo tempo, existe um sentimento negacionista para que não chegue nenhum, apesar de certeza de que chegarão – pelo fato de que a fiscalização não está agindo na origem do problema, impedindo que milhares de animais sejam retirados da natureza pelos traficantes.
Os traumas acumulados por anos de vivência em situações de apreensões de grandes quantidades de animais, potencializados por envolver filhotes que foram usurpados dos seus pais ainda muito pequenos, causam gatilhos de estresse para profissionais que dedicam sua vida a cuidar da fauna e passam a pensar nesses casos de apreensões como momentos extremos.
Visto que a problemática do tráfico não vai mudar em curto prazo, é essencial que se invista na saúde física e mental dos profissionais que lidam com esse tipo de situações emergenciais. São eles que precisam ter inteligência emocional no instante em que uma apreensão de grande quantidade de animais, principalmente envolvendo filhotes, pois terão que lidar com várias situações e avaliar qual vai ser a mais urgente a ser resolvida.
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