![Imagem de estrela do mar em pedra](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2020/09/lucy-a.jpg)
Bióloga com mestrado e doutorado em Zoologia pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A paleontologia foi o foco de sua pesquisa no doutorado.
tuneldotempo@faunanews.com.br
O Brasil em que hoje vemos seus maravilhosos e únicos biomas pegando fogo dia após dia é o resultado de milhões de anos de evolução e modificações nessas porções rochosas que chamamos de nosso país. Por exemplo, há cerca de 400 milhões de anos, em um período denominado Devoniano, a região central do Brasil, compreendida pelos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, era ocupada por um mar continental. Esse mar depositou metros de sedimentos, que com o passar dos milhões de anos se transformaram nas rochas contidas dentro da Bacia do Paraná e cujo nome é Formação Ponta Grossa.
![Mapa representando a localização da Bacia Paraná e da Formação Ponta Grossa](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2020/09/fig-1-lucy.jpg)
Os sedimentos que deram origem às rochas da Formação Ponta Grossa foram depositadas em um contexto de mar raso e gelado, uma vez que o período Devoniano é marcado por uma queda das médias globais de temperatura. Esse mar pertencia ao oceano Panthalassa e tinha como característica suas águas calmas, mas que ainda assim permitia o soterramento rápido de organismos mortos e, consequentemente, sua preservação na forma de fósseis. Dessa forma, a Formação Ponta Grossa é bastante prolífica em restos fósseis muito bem preservados.
Hoje, veremos um pouco sobre as estrelas que essas rochas escondem.
![Mapas representando a organização dos continentes durante o período Devoniano bem como uma reconstrução do paleoambiente gerador da Formação Ponta Grossa](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2020/09/figura-2-lucy.jpg)
Os Echinodermata são um grupo de animais deuterostômios (o blastóporo, primeira abertura formada no embrião, gera o ânus, assim como em nós seres humanos) com formas corporais bem variadas, como o ouriço, a bolacha e o pepino-do-mar. Mas não podemos esquecer das maravilhosas estrelas-do-mar (Asteroidea) e dos ofíuros (Ophiuroidea), que possuem, em geral, cinco braços e tem seus corpos compostos por placas de calcita. Essas estruturas são mantidas unidas por ligamentos que facilmente são quebrados ou decompostos após a morte do animal, tornando extremamente difícil encontrar fósseis de estrelas-do-mar e ofiuroídeos completos ou bem preservados.
Devido ao cenário de baixa energia, frio e com rápido soterramento de animais mortos, a Formação Ponta Grossa nos brinda com maravilhosos e praticamente completos fósseis de estrelas-do-mar e ofiuroídeos! Aqui, apresentamos as duas novas espécies descritas por Fraga & Vega (2020) e os demais novos achados do trabalho.
Às vezes, para chegarmos ao que buscamos, precisamos apenas encontrar o lugar certo para procurar! Ótimo mês a todos.
Novas espécimes descritos para formação Ponta Grossa:
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