
Por Cristina Rappa
Jornalista com MBA Executivo de Administração e especialização em Comunicação Corporativa Internacional. Observadora de aves e escritora de livros infantojuvenis com temática voltada à conservação da fauna
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Quando a conheci, há pouco mais de dez anos, Patrícia Engel Secco já era uma consagrada escritora de livros infantis, com diversos títulos publicados pela Melhoramentos, a editora à qual ela me apresentaria mais tarde e que acabou publicando duas das minhas obras.
Um dia, ela me disse como começou a escrever livros para crianças com foco em sustentabilidade. “Eu chegava tarde do banco em que trabalhava e minha preocupação era dar atenção de qualidade aos meus dois filhos pequenos. Ler para eles era a que eu me dedicava nesses momentos em casa e eles adoravam”, contou.
Mas ela começou a se preocupar com as mensagens passadas por alguns livros, como que o bacana era levar vantagem, que a felicidade estaria necessariamente associada a riqueza material, mesmo que conquistada às custas dos outros etc. Foi quando ela resolveu começar a escrever estorinhas para eles, procurando reforçar bons valores.

Em 1996, a primeira dessas estórias virou um livro, batizado de No parque nosso verde, que destacava a responsabilidade de todos em cuidar de um parque, que beneficiaria a coletividade.
“Eu achei que esse livro seria um sucesso”, conta, rindo. Mas a estória foi rejeitada por diversas editoras a quem ela ofereceu para publicação. “Ninguém falava desses temas nos anos 90”, recorda-se, relatando que era solicitada a explicar o que era desenvolvimento sustentável.
Inconformada, soube da possibilidade de publicação por meio de leis de incentivo à cultura e fez o primeiro projeto de um livro que seria distribuído gratuitamente, que acabou sendo patrocinado por uma empresa de papel e embalagens.
Os 30 mil exemplares da primeira tiragem se esgotaram rapidamente em evento no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, em 1997. Como tinha colocado seus contatos nos créditos do livro, passou a receber inúmeras cartas por semana pedindo mais livros. Resultado: a mesma empresa quis patrocinar a impressão de mais livros e novos apoiadores surgiram, entre eles a DPaschoal, a quem ajudou a criar projetos de leitura que seriam a marca registrada de sua Fundação Educar.
A partir daí, todos os seus livros tinham foco em sustentabilidade, em seus três vértices: social, ambiental e econômico. “Eu nunca pensei em fazer livros que não fossem sobre sustentabilidade”, afirma.
Um deles, o terceiro de sua autoria – Tatugo Timbó, nome dado pelo filho, Luís, ao jabuti que era o herói da estória – alertava sobre o comércio de animais silvestres, tema que me é muito caro e que eu trataria anos depois em Topetinho Magnífico.

Em 1998, Patrícia estabeleceu uma parceria com a Editora Melhoramentos, que passou a publicar diversos de seus livros e oferecê-los a escolas. Nessa época, ela começa a participar de eventos nessas instituições para contar estórias e conversar sobre os temas de seus livros com os estudantes. Já não trabalhava mais no mercado financeiro e tinha resolvido se aprofundar em Educação, fazendo pós-graduações em Moderna Educação e Educação Transformadora, além de cursos sobre temas relacionados a sustentabilidade. O objetivo era conseguir um embasamento mais técnico para os projetos que desenvolvia para incentivar a leitura nas escolas. Afinal, sua formação era em Administração de Empresas.

“Fazer a criança gostar de ler sempre foi a minha preocupação”, conta, para quem as crianças são muito atentas e “nossos fiscais”. “Se pudermos aliar o hábito de leitura ao amor pela natureza, já é meio caminho andado para a formação de um adulto mais consciente e participativo por uma sociedade mais justa”, acredita.
Com mais de 250 títulos publicados, Patrícia soma no currículo alguns prêmios pelos livros e projetos, como o Prêmio Escotista Mario Covas Jr., conferido pela Câmara Municipal de São Paulo, o Pessoas de Visão, da Fundação Dorina Nowill, e o Virada Sustentável. Mas sua maior satisfação são os encontros e a interação com as crianças nas escolas – interrompidos há mais de um ano, mas que certamente voltarão quando a pandemia passar.

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