Por Franci Palhano
Jornalista, escritora, especialista em Administração com ênfase em Marketing e mestra em Gestão e Políticas Ambientais. Trabalha no Núcleo de Comunicação Social e Educação Ambiental da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH)
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Dos contos literários aos cantos da vida. Personagens representando a flora e a fauna silvestres podem ser emissores das mensagens ambientais que queremos transmitir. É a ficção, o imaginário a serviço da educação ambiental, na proposta de ofertar caminhos para se olhar: rever o já visto ou ver o novo. Aguçar a percepção ambiental.
É nesta perspectiva que a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), órgão ambiental do Estado de Pernambuco, adotou a literatura – inclusive a de cordel – na educação ambiental. Nos livros de literatura infantojuvenil editados pela própria Agência, a leitura tem o propósito de apresentar a realidade e levar à criticidade que suscite novo pensar, novas atitudes em relação ao meio ambiente. Os livros são distribuídos gratuitamente nas atividades desenvolvidas pela equipe de Educação Ambiental e estão disponíveis para download no portal da instituição.
Recorremos aos artifícios da criação literária para que os textos, embora informativos, sejam mais que didáticos: sejam literários. O imaginário é a chama que desejamos que acenda o olhar, o entender, o querer, o desejar, o construir novos valores em relação ao meio em que vivemos. É um desafio! Mas, nas rodas de diálogos e nas imersões literárias, percebemos: a educação ambiental tem assento na ficção, no encantamento.
Contar histórias é um bom (re)começo. A literatura favorece o encantamento pelo mundo, por meio do faz de conta. Os contos nos ajudam a contar o que está acontecendo de errado não só no mundo, mas também à porta das nossas casas e por trás das grades que nos guardam. Mais que isto: podem nos desacomodar, pois personagens fictícias conseguem mobilizar nossos sentimentos e mover nossas razões.
Animais por nós
É nas atividades rotineiras dos colegas de trabalho – os agentes ambientais da CPRH – que encontramos inspirações para o processo criativo literário. Então, temas como desmatamento, poluição, queimadas, criação ilegal de silvestres, perda da biodiversidade, dentre outros, viram histórias.
No centro de triagem e reabilitação de animais silvestres (Cetras), encontramos motes, personagens, cantigas, nomes e histórias. Como estas: uma preguiça fala para outra preguiça o que é uma floresta em chamas. Juntas, tentam alertar aos demais animais sobre o perigo – que tem o cheiro no ar. E quem acredita nelas? É o livro Conversa de Preguiça.
Um pássaro assume o desafio de levar sementes para uma área devastada – uma a cada sete dias da semana. É a história romanceada do pintor-verdadeiro, que vira o Herói de Sete Cores. Quem Vai Salvar o Rio? – o único peixe que escapa da poluição pede socorro, no poema que é um chamado à responsabilidade de cada um. Mas os animais se desculpam e seguem adiante. “Eu bem que poderia ajudar. Mas, sou apenas um passarinho” – justifica o sabiá. E nós?
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