Casal que há mais de 30 anos viaja até os lugares mais remotos do Brasil para fotografar a natureza. São adeptos da ciência cidadã, ou seja, do registro e fornecimento de dados e informações para a geração de conhecimento científico
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O espetáculo da revoada proporcionado pelo papagaio-charão em Santa Catarina é um evento que nenhum observador de aves pode perder.
Em 2018, fizemos nossa viagem para observar o papagaio-charão e aproveitamos para conhecer outros importantes pontos de observação de aves em Santa Catarina. Fizemos a viagem com o casal de queridos amigos Marli Franceschett e Luis Antonio Franceschett, o Zanto.
O papagaio-charão, o grande motivador da viagem
Considerada a única espécie de papagaio migratória no Brasil, o papagaio-charão (Amazona pretrei) habita o Rio Grande do Sul e, durante alguns meses, Santa Catarina. A espécie está ameaçada de extinção na categoria Vulnerável e sua população vem sendo monitorada de maneira sistemática desde 1991, por pesquisadores do Projeto Charão. Atualmente, se estima a existência de cerca de 20 mil indivíduos.
A migração do papagaio-charão acontece todos os anos por conta da alimentação. Aves da espécie se deslocam dos locais de reprodução, no Rio Grande do Sul, para os locais de alimentação, em Santa Catarina.
Essa migração inicia em fevereiro, quando os filhotes já têm capacidade para a viagem, e vai até julho, exatamente no período de maturação das sementes da araucária, o pinhão, principal item alimentar do papagaio-charão nesses meses.
Roteiro da viagem e guia
Ir até Urupema (SC) para ver o papagaio-charão é também uma ótima oportunidade para conhecer outras cidades do Estado com forte potencial para observação de aves. Em nossa viagem, passarinhamos também em Itapoá, Pomerode, Rio dos Cedros, Painel e Curitiba, no retorno da viagem.
Contratamos o ornitólogo Adrian Eisen Rupp para nos guiar nessa viagem. Ele mora em Pomerode e conhece muito bem toda a região e sabe onde encontrar cada espécie. O Adrian montou o roteiro da viagem, o qual nós recomendamos, além de fazer reserva das pousadas, hotéis e cuidar de todos os detalhes da expedição.
Itapoá, Pomerode, Rio dos Cedros, Painel e Urupema
Em Itapoá, estivemos na Reserva Natural do Patrimônio Natural (RPPN) Reserva Volta Velha, que possui uma extensa área de Mata Atlântica muito bem conservada. Nas demais cidades, estivemos em florestas com araucárias e em locais de campos de altitude, o que nos possibilitou o registro de diversas espécies desses ambientes. Alguns dos lifers (primeiro registro) que estavam em nossa lista de desejos há muitos anos: o bicudinho-do-brejo, a maria-da-restinga, o patinho-gigante, o aracuã-escamoso, a corujinha-sapo, o arredio-oliváceo, o quete-do-sul, a maria-catarinense, a corujinha-do-sul, a gralha-azul, o tapaculo-ferreirinho, o pedreiro, o quem-te-vestiu, o grimpeirinho, e o ilustre papagaio-charão.
Em Urupema com o papagaio-charão
Urupema, além de ser a cidade mais fria do Brasil, possui também grande concentração de araucárias, razão pela qual o papagaio-charão ali permanece para alimentação nesses meses de migração.
Nos hospedamos na Eco Pousada Rio dos Touros, que fica em uma área repleta de araucárias e possui excelentes chalés, sendo o local favorito dos observadores de aves na região.
Durante os três dias de nossa estadia, assistimos a revoada dos milhares de indivíduos do papagaio-charão, pudemos observá-los durante os momentos de alimentação e também estivemos no Festival do Papagaio-charão, evento anual em Urupema para comemorar a visita dos ilustres migrantes.
Fechando a expedição em Curitiba com chave de ouro
No retorno para São Paulo, passamos em Curitiba, onde fomos magnificamente recepcionados pelas amigas Noeli Ribeiro (Nono) e Maria José Perrelli (Majo). Além de conhecer essa bela cidade, tivemos a oportunidade de registrar a difícil e arisca espécie cisqueiro, fechando a expedição com chave de ouro.
Fontes: Projeto Charão, Papagaios do Brasil, Wikipédia e WikiAves.
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