Elefantes ameaçados: quando não é pelo marfim, é pela perda de hábitat

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
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    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
26 de janeiro de 2012
Normalmente, chama nossa atenção a redução da população de animais pela caça. Afinal, as cenas de animais mortos (menos de peixes!!!) nos fazem sentir compaixão. O sentimento é nobre, mas nos deixa na superficialidade do problema.E isso também acontece quando abordamos os elefantes. Na imprensa, meio que temos para nos manter informados sobre o que acontece no mundo, encontramos notícias e reportagens sobre a caça desses grandes mamíferos motivada pelo comércio ilegal de suas presas, o marfim. A “notícia espetáculo” deixa outras causas da pressão humana sobre as demais espécies em segundo plano. É o caso da perda de hábitat.

A expressão “perda de hábitat” sempre está presente nas matérias e nas entrevistas de especialistas. Mas somente essa expressão, sem mais detalhes e depois de várias outras causas que chamam mais a atenção (como a caça, por exemplo).

E, salvo engano, quando são veiculadas matérias sobre a devastação da Amazônia, do Cerrado ou de qualquer outro bioma mundial, temos a impressão que o problema se restringe à perda de árvores, à produção de água e ao aquecimento global.  E as consequências do desmatamento para a fauna silvestre? O novo Código Florestal e Belo Monte não são abordados com a frequência que deveriam  sobre esse viés…

Tudo se explica com a fria expressão “perda de hábitat”.

Mas essa “perda de hábitat” tem conseqüências sérias…

“24 Jan (Reuters) – O elefante de Sumatra, na Indonésia, poderá ser extinto da natureza em menos de 30 anos a menos que medidas imediatas sejam tomadas para proteger o seu habitat, que está rapidamente desaparecendo, disse o grupo de proteção ambiental WWF, nesta terça-feira.

A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) elevou a classificação da subespécie de elefantes de Sumatra de “em perigo de extinção” para “criticamente em perigo de extinção”, após quase 70 por cento de seu habitat e metade de sua população ter desaparecido em uma geração.

Os maiores culpados são a devastação do habitat ou sua conversão para uso da agricultura, uma prática que também aumentou o risco de extinção para o tigre-de-Sumatra e o Rinoceronte-de-Java.” – texto da matéria “Elefantes de Sumatra estão próximos da extinção, diz WWF”, publicada pela agência Reuters Brasil em 24 de janeiro de 2012

A ONG WWF, em seu site, informa:

“Em Riau, província de Sumatra, onde as indústrias de papel e celulose e plantações de dendê estão causando a algumas das taxas mais rápidas do mundo de desmatamento, o número de elefantes caiu incríveis 80% em menos de 25 anos. A fragmentação de hábitats tem confinado alguns rebanhos em pequenas manchas florestais, e essas populações não têm chances de sobreviver no longo prazo.”

O elefante-de-Sumatra (Elephas maximus sumatranus): vítima do desmatamento – Foto: WWF-Indonesia/Samsul Komar

A organização ainda alerta:

‘”O elefante de Sumatra se junta a uma lista crescente de espécies indonésias que estão criticamente em perigo, incluindo o orangotango-de-Sumatra, o rinoceronte- de-Sumatra, o rinoceronte-de-Java e o tigre-de-Sumatra”, disse Dr. Carlos Drews, diretor do Programa Global de Espécies do WWF.’

A partir de agora, vamos refletir um pouco mais quando lemos matérias sobre desmatamentos e sobre a expressão “perda de hábitat”.

– Leia a matéria da agência Reuters Brasil
– Leia sobre o problema dos elefantes-de-Sumatra no site do WWF (em inglês)
Releia os posts do Fauna News:
-“Orangotangos: sofrimento também quando são criados como pets”, de 4 de janeiro de 2012
– “Reflexão para o fim de semana: vaidade assassina com marfim”, de 6 de janeiro de 2012
– “Começar a semana pensando…”, de 5 de setembro de 2011 (sobre os tigres-de-Sumatra)

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