Dilema de quem quer ajudar: comprar ou deixar o bicho com o traficante

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
19 de novembro de 2013
Quem é contra o tráfico de fauna ou a manutenção de silvestres em cativeiro doméstico, quando encontra algum bicho sendo ilegalmente vendido imediatamente sente-se perante um dilema: comprar o animal para livrá-lo daquela situação e, quem sabe, conseguir que ele volte à vida livre ou deixar o bicho com o infrator e não sustentar esse mercado negro. Essa situação pode ocorrer, por exemplo, em feiras e no acostamento de alguma estrada brasileira. Nada incomum.

O repórter Glauco Araújo, do portal G1, sentiu na pele esse dilema:

“Na mesma rodovia (PI-143, no Piauí – observação do Fauna News), demos de cara com um senhor e um animal pendurado pelo rabo em uma de suas mãos, era um tatu. Na hora me lembrei do Fuleco, o mascote da Copa do Mundo no Brasil. Fizemos a manobra e voltamos. O senhor veio correndo, acreditando que tinha conseguido um freguês. Ele queria R$ 30 pelo animal. Eu perguntei se estava vivo, pois havia alguns pequenos sinais de sangue na carcaça, e ele respondeu que estava. Até me ofereceu para carregar, pois estava com as patas amarradas. Recusei, não queria ter a memória tátil do mascote da copa naquela situação.

Seguimos viagem, mas fiquei pensando se deixar aquele senhor com o tatu para trás teria sido a melhor atitude da minha parte. Pensei até em retornar, comprar o animal e soltá-lo mais adiante, longe daquele caçador mercantil. Mas pensei também se aquele bichinho sobreviveria solto em um local desconhecido do habitat dele, machucado, se não viraria presa de outro animal. Ainda penso muito nisso, mas resolvemos seguir viagem.” – texto da matéria “Atenção: (muitos) animais nas pistas”, publicada em 18 de novembro de 2013 pelo portal G1 como parte da série “Caminhos do Brasil: caravana G1”

Tatu por R$ 30 em rodovia do Piauí
Foto: Portal G1

Mas o que fazer?

A resposta você mesmo a terá quando responder a seguinte pergunta: o que o traficante de animai fará quando você comprar o bicho que ele está oferecendo?

Certamente, irá vender outro. Para isso, ele terá de capturar ou coletar mais um animal em seu hábitat ou pegar o bicho com algum intermediário.  Enfim, você estará contribuindo para que a engrenagem do tráfico continue a girar.

Nunca compre animais silvestres vítimas do tráfico. Sim, você vai morrer de pena do bichinho que está sendo vendido, mas dessa forma irá salvar vários outros. Lembre-se: só existe quem vendo porque existe quem compra.

Ao se deparar com alguém vendendo bichos ilegalmente, chame a polícia. Denuncie!

– Leia a matéria completa do portal G1

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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