Conhecer sobre as espécies auxilia a fazer boas fotos

Olá, tudo bem? Em vários textos que escrevi para a coluna Photo Animal, sempre fiz questão de destacar a importância de conhecer os animais, e não somente seu equipamento, para a fotografia de vida selvagem. Neste artigo, quero mostrar como ter um bom conhecimento biológico pode proporcionar a você novas oportunidades, além de resultados melhores nas suas fotos.

Antes de tudo, quero deixar claro que não é necessário cursar ou ter formação em Ciências Biológicas para estudar os animais a fim de fotografá-los melhor. A maioria das informações úteis para os fotógrafos é fácil de entender e não requer uma base conceitual muito complexa. Tendo a curiosidade de aprender e a dedicação de continuar com os estudos, o conteúdo encontrado em livros, guias e na internet (além do compartilhado por profissionais mais experientes) é mais do que suficiente.

Saber onde estão os animais

Quando temos o objetivo de fotografar algum animal específico, a primeira coisa que devemos procurar é onde encontrá-lo. Pode parecer óbvio, mas é fundamental descobrir os biomas e os tipos de hábitats e micro hábitats para aumentar ao máximo suas chances de achar um indivíduo para registrar. Por exemplo, se eu quiser fotografar uma espécie de cobra-cipó que vive na Mata Atlântica, não basta saber só o bioma, mas também que ela é arborícola e que raramente será avistada no chão da floresta.

Além disso, alguns bichos estão distribuídos em vários biomas diferentes, mas suas populações podem ser maiores ou menores entre eles. Em situações que necessitam de grandes viagens para documentar uma espécie, essa é uma informação essencial para escolher o melhor destino. As onças-pintadas, por exemplo, podem ser encontradas em quase todos os biomas brasileiros (com exceção do Pampa, de onde já foram extintas), mas suas populações no Pantanal e na Amazônia são muito maiores e mais estáveis em relação ao Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga.

Determinar o melhor horário

Depois de localizar seu objetivo no mapa, o próximo passo é descobrir o melhor horário para encontrá-lo. Diferentes animais possuem diferentes períodos de atividade durante o dia, assim como outros comportamentos que estão atrelados a horários específicos (por exemplo, muitos predadores costumam caçar durante a noite e animais de sangue frio se expõem ao sol em algum momento do dia). Isso serve para facilitar o encontro com seu assunto desejado e também para conseguir fotos mais interessantes dele enquanto realiza alguma atividade da sua rotina. Além disso, ter um horário específico em mente auxilia bastante no planejamento técnico da foto, tanto para escolher os melhores equipamentos (como flashes e disparadores à noite), quanto para configurá-lo corretamente a fim de se obter as melhores exposição e nitidez.

Conhecer a alimentação

Outro fator que pode ser estudado para favorecer a fotografia de fauna é a alimentação dos animais. Ao saber a dieta de uma espécie, é possível encontrar uma fonte de seus alimentos preferidos na natureza (como árvores frutíferas, flores, um rio ou lago com peixes, uma carcaça de animal, etc.) e esperar até que um indivíduo venha recuperar suas energias.

Informação sobre o comportamento pode render boas fotos

Ter informações sobre o comportamento das espécies que você quer fotografar também é fundamental, pois ajuda a saber a melhor e mais segura forma de se aproximar dos animais, possibilitando registros mais íntimos e interessantes. Isso também é importante de um ponto de vista ético, já que respeitar os limites de um ser vivo está sempre acima de qualquer foto.

Acredito que é muito mais fácil aprender e sentir os comportamentos na prática do que só na teoria, até porque eles podem variar bastante de indivíduo para indivíduo. Só depois de assustar muitos bichos e perder muitas fotos é que você consegue traçar uma linha extremamente tênue e sentir a resposta do animal para cada situação.

Outras características importantes

Pesquisar características específicas de grupos de animais ou de determinadas espécies também pode ter muito valor. Para aves, por exemplo, conhecer as vocalizações e o formato dos ninhos pode ajudar a determinar a presença de indivíduos em uma área antes mesmo de vê-los. Já perdi a conta de quantas vezes desviei meu caminho por ter escutado o chamado longínquo de alguma ave e fui recompensado com ótimos registros (às vezes, você até se surpreende que a ave nem estava tão longe quanto parecia). Já para mamíferos, é interessante descobrir qual ou quais dos sentidos (visão, olfato ou audição) uma determinada espécie tem mais adaptado. Assim, é possível planejar estratégias mais eficientes de aproximação.

Por fim, enriquecer seu conhecimento sobre a fauna e sua biologia não é algo que vai só favorecer a você. A partir do momento em que se ganha alguma propriedade para falar de um assunto, é possível criar legendas informativas para as fotos, seja para divulgação científica ou educação ambiental. Com isso, seus registros passam a ser ferramentas extremamente úteis que auxiliam na sensibilização da população e que promovem atitudes em prol da conservação da natureza.

Desde que era criança nunca tive nenhuma dúvida que iria cursar Biologia. Então, sou um pouco suspeito para falar desse assunto. A evolução é algo que me fascina e ver as ramificações dela me dando trabalho em cada espécie que encontro é uma das partes mais interessantes da fotografia de vida selvagem.

Deixo um agradecimento especial por me fazer companhia durante meu primeiro semestre na Photo Animal. Nos vemos em breve. Abraço!

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