Conhecendo a piramboia

Nomes populares: caramuru, carapanã, pirarucu-boia, traíra-boia, trairamboia
Nome científico: Lepidosiren paradoxa
Estado de conservação: “pouco preocupante” (LC) na Lista Vermelha da IUCN

As piramboias, também conhecidas como dipnoicos ou “peixes-pulmonados”, são peixes bem peculiares. Como o apelido indica, esses animais apresentam pulmões. Não que sejam pulmões tão desenvolvidos como os de outros vertebrados, mas cumprem perfeitamente o papel de retirar oxigênio do ar, ao invés de retirá-lo da água. Na verdade, consistem em uma modificação de sua bexiga natatória, que é altamente vascularizada e ligada à faringe, facilitando as trocas entre o ar captado (pela boca) e o sangue.

Essa adaptação permite que as piramboias sobrevivam em situações extremas, como em águas com baixa concentração de oxigênio ou em períodos de seca prolongada.

Formato da pirambioa

Em épocas de seca, constroem galerias na lama, fechando a entrada, mas deixando orifícios por onde o ar entra. Uma camada de muco produzida por sua pele impede que percam água. Adotam uma posição em forma de “U” e mantêm a região da boca livre, o que permite que respirem. Podem permanecer nesse estado, conhecido como estivação, por longos períodos.

As piramboias são dulcícolas (de água doce), encontradas em regiões pantanosas e águas estagnadas. Ocorrem nas bacias Amazônica e do Prata. São comuns na América do Sul e têm primas parecidas na África e na Austrália.

Sua cor é acinzentada e o corpo cilíndrico, semelhante ao de uma serpente – daí o nome de origem tupi, significando “peixe-cobra”. Apresentam escamas muito pequenas, imersas na pele. Podem chegar a 125 cm de comprimento e pesar 20 kg. Seus olhos são muito pequenos e a cabeça achatada. As nadadeiras são longas e finas, podendo ter o apoio de fortes músculos, que permitem ao animal deslocar-se por pequenas distâncias como se estivesse andando. As nadadeiras dorsal, caudal e anal são fundidas.

Os jovens alimentam-se principalmente de larvas de insetos e caramujos, enquanto os adultos preferem pequenos peixes, insetos, plantas aquáticas e pequenos moluscos

As piramboias são ovíparas. Os ovos são colocados em ninhos construídos em áreas alagadas, em tocas forradas com restos de vegetais. O macho cuida dos ovos e dos filhotes. Os alevinos (larvas) possuem brânquias externas, que degeneram durante seu desenvolvimento.

Algumas de suas características, como a estrutura das nadadeiras (lobadas), sugerem que esses animais, juntamente com os celacantos (Latimeria sp.), não tiveram grandes modificações morfológicas com o passar do tempo, sendo muito importantes para estudos referentes à evolução dos vertebrados.

Mas isso já é outra história…

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