Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
Capturadas na natureza e jogadas em minúsculas gaiolas. Enquanto não têm decretado definitivamente o fim da liberdade ao serem vendidas, permanecem sob a tutela de seu algoz. Por sabe-se lá quantos dias, vão tentar sobreviver em meio a fezes e restos do pouco alimento oferecido. Ar viciado. Sem luz.
A vida ficou do lado de fora, distante daquele imóvel imundo da Vila Sanches, em Juquiá, município do sul do estado de São Paulo. Na casa mal-acabada, 124 aves foram transformadas em mercadorias.
https://youtu.be/_v5QOhY_aiU
Depósito onde estavam as aves em Juquiá (SP) – Imagens: PM Ambiental SP
Apesar de distante, a vida não ficou inalcançável. Tem gente que se importa e não importa se é de outra espécie. É vida. E essa gente denuncia. Não aceita.
Por meio de informações de denúncia, na terça-feira (18 de maio), uma equipe da Polícia Militar Ambiental salvou do inferno do cativeiro 121 das 124 aves vítimas de um traficante de fauna. Para três delas, não deu tempo. Morreram.
O bandido responsável, que foi identificado, não estava no local. É reincidente, ou seja, já foi detido pelo mesmo crime. É suspeito de atuar na feira da Vila Mara, conhecido ponto do comércio ilegal de fauna na zona leste da cidade de São Paulo. Mesmo que tivesse sido encontrado pelos policiais, não ficaria preso. Tráfico de animais e maus-tratos não dão cadeia no Brasil.
As 115 aves que apresentavam boas condições de saúde foram soltas em Registro, município vizinho. Outras seis ficaram sob a responsabilidade dos policiais, que as encaminhariam para reabilitação. A maior parte dos animais, 79 deles, eram pixoxós (Sporophila frontalis), espécie de pássaro ameaçada de extinção.
https://youtu.be/p56lR_jqm8o
Momento da soltura de uma das aves apreendidas – Imagens: PM Ambiental SP
Não deixe de denunciar. Muito sofrimento e dor podem ser evitados. Muita morte deixa de acontecer.
Jamais compre.