
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“Polícia Federal, órgãos de fiscalização, universidades, pesquisadores, voluntários e iniciativa privada se uniram para salvar filhotes de um papagaio ameaçado de extinção. O chauá é exclusivo da Mata Atlântica e sofre com a perda de habitat e o tráfico de animais.
Em novembro de 2021 a força-tarefa que incluiu o Ibama e o ICMBio desmantelou uma quadrilha que capturava filhotes no Espírito Santo para vender no Rio de Janeiro. Os agentes resgataram 60 chauás que seriam criados em gaiola. Foi aí que começou o desafio de inverter a história e as estatísticas. (…)
Quarenta papagaios-chauá foram levados para a Fundação Lymington, em Juquitiba (SP), e os outros 20 para o criadouro Sérgio Polezel, em Itatiba (SP), especializado em reproduzir aves sem o cuidado dos pais. Uma técnica imprescindível para filhotes tirados do ninho à força. “Vieram bem novinhos e sem penas”, conta o biólogo Beto Polezel.
Oito meses depois, um resultado surpreendente: todos sobreviveram! Mas essa é só a primeira parte do desafio. “Para gente dizer que teve sucesso a operação, esses animais, que serão soltos na natureza, precisam reproduzir. Somente quando eles reproduzirem é que a gente pode dizer que teve algum sucesso” afirma o médico veterinário Alexandre Resende.
(…) Em seguida as aves dos dois criadouros paulistas embarcaram num avião rumo à Maceió, Alagoas. Lá foram recebidos por uma comitiva e transportados até o Instituto para Preservação da Mata Atlântica onde vão ficar até a soltura. No estado a espécie está praticamente extinta da natureza.
(…) A soltura deve acontecer até o fim do ano no Vale do Rio Niquim que reúne oito reservas privadas com quase mil hectares de áreas protegidas. Um lugar seguro para que o chauá viva em paz.” – trechos da matéria “Filhotes de papagaio resgatados do tráfico ganham nova chance de voltar à Mata Atlântica”, publicada em 15 de julho de 2022, pelo portal G1
É comum encontrar e registrar críticas às ações envolvendo a gestão da fauna silvestre no Brasil. Afinal, no geral, sempre foi bastante problemática e piorou muito na atual gestão do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Por isso é muito importante quando ações ambientais envolvendo diversos atores sociais sinalizam ou obtêm sucesso. É um claro sinal de que o certo pode ser feito. Mais: de que pode ser bem-feito! Órgãos do poder público, pesquisadores, voluntários e iniciativa privada se doando para salvar animais vítimas de ações humanas criminosas e cruéis – o tráfico de fauna.
Fica o registro. Fica o indicativo de que, se houvesse real apoio e priorização, ações em prol da conservação dos animais silvestres podem ser uma rotina.
A sociedade aprenderia tanto.