Por Dimas Marques
Editor-chefe
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“O Ibama impediu, nessa quinta-feira (28), uma tentativa de tráfico internacional de aranhas no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). As aranhas, popularmente conhecidas como caranguejeiras ou tarântulas, estavam escondidas em uma remessa expressa internacional com destino ao Chile. A ação contou com o apoio da Receita Federal do Brasil e da transportadora aérea FedEx.
A encomenda foi postada no interior de São Paulo. Na tentativa de burlar a fiscalização ambiental e aduaneira, o remetente declarou o conteúdo como um brinquedo de pelúcia. As irregularidades ambientais foram constatadas a partir de triagem de encomendas postais com uso de equipamentos de raio-X.
A remessa apreendida foi indicada como suspeita pelas equipes de fiscalização. Ao inspecionar o conteúdo da caixa, de fato havia uma pelúcia. Mas em meio às fibras de enchimento do brinquedo, foram encontradas 14 aranhas, sendo três adultos (acondicionados em potes plásticos) e 11 filhotes (contidos em pequenos tubos plásticos).
Após a apreensão, os aracnídeos foram destinados ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) da Associação Mata Ciliar, localizado em Jundiaí (SP), onde receberão cuidados e poderão ser reabilitados e reintroduzidos na natureza.” – parte do texto de divulgação “Ibama apreende aranhas durante inspeção no aeroporto de Viracopos, em Campinas”, publicada em 29 de maio de 2020 no site do Ibama
Chama a atenção, mas o tráfico de aranhas não é incomum.
Estamos acostumados aos casos de comércio ilegal de vertebrados, principalmente de aves. Passarinhos, papagaios, cobras, iguanas, saguis já quase não chamam mais a atenção quando são apreendidos com traficantes ou nas casas das pessoas que os criam ilegalmente – hábito que sustenta o tráfico de fauna no Brasil.
Mas aranhas, repito, ainda chamam a atenção.
O tráfico de aranhas está voltado para abastecer, basicamente, colecionadores de animais raros ou um crescente mercado mundial de animais de estimação não convencionais. Há também o envolvimento de laboratórios farmacêuticos interessados em extrair a peçonha (veneno) para pesquisas e produção de medicamentos. Apesar de ainda chamarem a atenção, as apreensões desses animais já acontecem com certa frequência no Brasil. Em uma rápida busca pela internet, é fácil encontrar casos. Eis os com mais animais envolvidos:
– dezembro de 2014 em Florianópolis (SC): 100 aranhas-caranguejeiras
– junho de 2018 em Sorocaba (SP): 21 aranhas-caranguejeiras
– abril de 2019 em Limeira (SP): 64 aranhas-caranguejeiras
– julho de 2019 em Belo Horizonte (MG): 84 aranhas
– fevereiro de 2020 em São Paulo (SP): 76 aranhas-caranguejeiras
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