Capivaras: trabalho pesado para o centro de fauna da prefeitura de SP

“Não fale que o dia está tranquilo, que logo chega uma capivara…” é o que se diz, de brincadeira, quando o dia não está caótico no Cemacas (Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres), da Divisão da Fauna Silvestre da prefeitura de São Paulo. Caótico no sentido de efetuar o recebimento de muitos animais ao mesmo tempo, de realizar o tratamento dos internados e de alimentar inúmeros filhotes.

A rotina é trabalhosa. Todos os animais recebidos na Divisão da Fauna Silvestre recebem um número de cadastro, de maneira a permitir a identificação e o acompanhamento de cada um deles, garantindo assim rastreabilidade da estada desde o momento da entrada até a destinação. Dessa forma, se entrarem dez ninhadas de oito a 12 filhotes em um só dia, serão abertos até 120 prontuários de acompanhamento.

Voltando às capivaras, nos últimos meses elas deixaram de ser motivo de brincadeira: 18 delas foram recebidas entre janeiro e abril deste ano. E qual é o problema envolvido em receber uma capivara? Diferentemente das diversas espécies de aves que, em geral, não chegam a pesar nem 50 gramas, as capivaras são roedores enormes — podem chegar a 80 quilos — e o manejo de cada uma delas envolve muita logística e ocupa vários técnicos ao mesmo tempo.

Estigma de vilãs transmissoras de doenças
As capivaras estão naquele ranking dos animais paulistanos mais incompreendidos: ocorrendo naturalmente nos parques e áreas verdes da cidade, são facilmente avistadas. Frequentemente são também temidas e não bem-vindas, inclusive porque carregam o estigma de vilãs de febre maculosa por seu papel na transmissão dessa doença.

A grande maioria das capivaras atendidas no Cemacas chega por atropelamento nas marginais ou por apresentarem lesões por mordedura (entre indivíduos ou causadas por cães) ou por terem perdido o rumo e ido parar em quintais e estacionamentos da cidade.

Após o atendimento, muitas são imediatamente devolvidas aos locais de origem, em uma soltura imediata. As mantidas durante algum tempo no Cemacas são aquelas muito feridas, que exigem recintos externos para um tratamento com menos estresse, ou são os filhotes órfãos que, pelo contato humano acabam se tornando “imprintados” e sendo encaminhados ainda jovens para cativeiro.

Evitar a entrada dessa quantidade excessiva de capivaras também é parte do trabalho de um centro de triagem e reabilitação de animais silvestres (Cetras). O desafio é divulgar constantemente a importância da espécie e sua ocorrência natural na cidade, neutralizando assim o preconceito e a desinformação.

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