
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“Um biólogo russo foi preso na madrugada desta quarta-feira (20) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Ele estava com mais de 100 animais vivos e foi pego no Raio-X pouco antes de embarcar para San Petesburgo, na Rússia.
Foram encontrados cerca de 50 lagartos, de três espécies diferentes, 50 aranhas, 25 sapos de cinco espécies diferentes e outros animais de espécies variadas.
Tudo estava na bagagem de mão do biólogo Kyrill Kravchenko que, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é um conhecido traficante russo, de 35 anos.
O Ibama disse que ele já vinha sendo monitorado desde 2017 porque traficava os animais para vendê-los na Rússia.
Os agentes do Ibama informaram que os bichos foram recolhidos em São Paulo e também em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Todos foram levados para o Instituto Butantan para serem quantificados e identificados pelos pesquisadores.” – texto da matéria “Biólogo é preso com mais de 100 animais vivos em Cumbica”, publicada em 20 de janeiro de 2021 pelo portal G1

Kyrill Kravchenko, que em 2017 já havia sido detido na Holanda com animais da fauna nativa brasileira, foi levado para a Polícia Federal que registrou um termo circunstanciado. Ou seja, o biólogo russo foi solto para responder pelo crime em liberdade. O número total de animais apreendidos com o russo não foi divulgado, mas havia mais de 200.
Quando se aborda o tráfico de invertebrados, como aranhas, de anfíbios e répteis, geralmente associa-se ao fornecimento de animais para a utilização de substância produzidas por eles pela indústria farmacêutica. É assim com cobras, por causa da peçonha (veneno). O mesmo com aranhas.
Mas existe um forte comércio internacional desses animais para o mercado de bichos de estimação e de colecionadores. Quando mais raros ou originários dos lugares mais distantes, mais valorizados são os espécimes. Imagine então o valor de um lagarto ou um sapo brasileiro na Rússia?
Esse tipo de tráfico de animais exóticos (de espécies não nativas) acontece bastante também no Brasil. Você vai se lembrar do estudante de medicina veterinária de Brasília que, ano passado, acabou picado por uma naja que ele criava. A partir desse ocorrido, dezenas de outras cobras de espécies exóticas e nativas foram apreendidas pelos órgãos de fiscalização nno Distrito Federal.
Nas redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens há grupos especializados nesse comércio ilegal. Muitas cobras de espécies exóticas oferecidas para venda já são nascidas no Brasil.
Esse comércio sem controle, além de cruel, coloca em risco o equilíbrio dos ecossistemas (indivíduos soltos ou que fogem podem transmitir doenças para outros animais e até se multiplicar, competindo com espécies nativas) e a saúde pública (zoonoses). Como acontece no Brasil, a legislação da grande maioria dos países é muito branda para coibir essa modalidade de tráfico de animais.