Por Cristina Rappa
Jornalista com MBA Executivo de Administração e especialização em Comunicação Corporativa Internacional. Observadora de aves e escritora de livros infantojuvenis com temática voltada à conservação da fauna
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Lobo-guará, tamanduá-bandeira, peixe-boi, pica-pau-rei e até o menos conhecido gato-palheiro viraram temas de músicas para crianças, podendo ser “escutados” dentro do canal Brasileirinhos: Música para os Bichos do Brasil, no YouTube.
Músico profissional desde os 18 anos, foi depois do nascimento de seus filhos, hoje com 20 e 23 anos, que o paulistano Paulo Reis Brioschi, responsável pelo canal, começou a buscar músicas para crianças. “Tinha o Palavra Cantada (da dupla que compunha músicas infantis Paulo Tatit e Sandra Peres) nessa época, a Xuxa, além de artistas consagrados, tipo Chico Buarque e Alceu Valença, fazendo alguma faixa para crianças”, lembra-se, reclamando que as opções eram poucas. “Os meus filhos acabavam escutando as mesmas músicas que eu ouvia quando criança”, constatou.
Bira, como é conhecido, conta que procurou alguns letristas, já que só compunha a melodia. “Amava o Palavra Cantada, mas queria algo mais pop e dançante”, diz.
Em 2001, conheceu o escritor Lalau, que estava lançando o primeiro livro da serie Os Brasileirinhos – com versos sobre animais brasileiros, ilustrados pela Laurabeatriz -, e começou a ler a obra para os filhos. “Só de ler em voz alta já tive um monte de ideias de músicas e comecei a compor, gravei um demo e mandei para o Lalau, que ficou encantado e falou: ‘vamos fazer’ “.
A parceria deu certo e no lançamento do segundo livro, Lalau já mandou o manuscrito diretamente para o Bira. Mais adiante, em 2005, no lançamento do quarto livro da série Os Brasileirinhos, a editora Cosac Naif encartou o CD com as suas músicas. “Aí fizemos um show de lançamento, comecei a cantar e a compor mais”, diz, reunindo material para um disco inteiro dos Brasileirinhos, que lançaria quatro anos mais tarde. O segundo disco ficou pronto em 2013.
Bira e sua banda, então, começaram a ser convidados a fazer shows com as músicas sobre os animais em locais como teatros e auditórios do Sesc, de prefeituras, escolas, CEUs (Centros Educacionais Unificados, da prefeitura de São Paulo)… “Muitas das apresentações aconteceram em escolas, já que o trabalho tem um viés educativo”, conta o músico.
Neste ano, para compensar a falta de shows presenciais, por conta das restrições impostas pelo novo coronavírus e para dar uma sequência ao trabalho, ele lançou um programa semanal chamado Bicho da Semana, em que os personagens são animais como o lobo-guará, o tamanduá-mirim, o jacaré-de-papo-amarelo, a preguiça-de-coleira, o cachorro-do-mato e a onça-pintada, entre outras maravilhas da nossa fauna.
A novidade é que, ao invés de apresentar apenas o show inteiro em seu canal no YouTube, Bira e seu time tiveram a ideia de chamar um especialista para falar sobre o animal. Como Karina Molina, do Instituto Tamanduá, apresentando o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). “Antes eu já falava sobre o bicho no show. Sempre tive essa preocupação de informar, educar”, conta ao abordar o processo de construção dos programas.
São 20 programas no total, veiculados também em sua página no Facebook, sendo que os bichos são “musicados” com estilos brasileiros também ameaçados de extinção. Dessa forma, um animal do Pantanal, como o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), é ilustrado musicalmente com uma Guarânia, estilo musical criado no Paraguai e típico do Mato Grosso.
“Sou eclético, sempre gostei de tudo, de diferentes estilos”. No caso da preguiça, Bira optou por uma moda de viola com sotaque de reggae, que é “meio preguiçoso, relaxado”, explica, dizendo que o processo de escolha dos estilos musicais para associar aos animais é bastante intuitivo.
Já as vinhetas de abertura dos programas são ilustradas por Laurabeatriz.
Sobre o público, ele explica que não há faixa etária definida, mas que desde um, dois anos de idade as crianças já estão gostando, provavelmente mais pela música do que pelo assunto. “Com 5, 6 anos, já começam a se ligar nos bichos. Com 10 a 12 anos é o sabichão, que sabe tudo”, diz.
“Sempre gostei de mato, bicho, mas de uma maneira informal, nada acadêmica. Sempre curti… Brasileirinhos foi a oportunidade para eu me aprofundar e aprender”, conta Bira, se revelando entusiasmado com o tema e o caminho escolhidos.
Ah! E não é que Paulo e Sandreca, que formam a dupla do Palavra Cantada, acabam de lançar a Canção para Fauna e Flora, que fala de animais de diversos biomas brasileiros, gravada junto com a Maria Gadú. Uma beleza! Que essa moda pegue e mais gente talentosa passe a compor e gravar músicas para crianças tendo nossa rica fauna como inspiração!
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