Baiacus do Mandira: verificadores de qualidade das ostras

O cultivo de ostras em comunidades quilombolas é uma ótima fonte de renda para os comunitários, principalmente daqueles que dependem de um consumo para sua subsistência e do turismo de base comunitária. É o caso do Quilombo Mandira, em Cananéia (SP), dentro da Grande Reserva Mata Atlântica, onde há um viveiro de ostras.

O líder da comunidade, Sidnei Coutinho, mais conhecido como Nei Mandira, nos leva para conhecer esse cultivo. Durante a maré baixa, navegamos pelos contornos do Lagamar do litoral sul de São Paulo, até chegarmos em um braço de rio, onde a água do estuário se acumula, formando uma espécie de lagoa.

Com a proteção de uma armação de ferro e coberto com uma lona, com o objetivo de evitar o ataque da vida silvestre, as ostras se formam aos milhares. A ostra, como um animal bivalve, tem a capacidade de filtrar a água. Com isso, temos uma parte do estuário com um tom mais cristalino, onde podemos observar claramente o que está submerso. E algo submerso chamou nossa atenção…

O baiacu-pintado

Baiacus, aos montes. O baiacu-pintado (Sphoeroides testudineus) é bastante comum no estuário do Lagamar. Mas aqui, no quilombo, ele tem uma função extremamente importante: é o “verificador de qualidade” das ostras. Além de ser um indicador da qualidade, ele ajuda na limpeza das conchas. Nei brinca dizendo que eles são os melhores “assistentes” que poderiam ter. Sempre ali, incansáveis, indo de ostra em ostra, fazendo uma manutenção orgânica.

Isso é de imensa importância, tanto para o ciclo ecológico da região, mas também para um ótimo consumo dessas ostras pela comunidade e seus visitantes. Sempre que vai buscar as ostras, Nei abre algumas para os baiacus, que se esbaldam na refeição, gerando imagens impressionantes como essas:

O baiacu-pintado – Vídeo: Gabriel Marchi/Associação MarBrasil

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