Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS).
Seus interesses estão ligados à conservação da natureza, principalmente à Ecologia de Rodovias para a compreensão dos impactos dos empreendimentos viários sobre a fauna.
Já parou para pensar no quanto o ruído das estradas pode nos deixar irritados? Seja por causa das buzinas, do motor dos veículos ou do próprio barulho dos pneus no asfalto, o fato é que muitos de nós já experienciamos essa irritação. Há inclusive estudos comprovando que a exposição a ambientes barulhentos pode nos deixar sim mais agressivos. Mas como será que outras espécies reagem?
Alguns estudos têm investigado como a poluição sonora do tráfego de veículos influencia o comportamento de aves e a descoberta, embora interessante, não surpreende: aves apresentam comportamentos mais agressivos na presença de sons de trânsito.
Foi o que mostrou um estudo realizado nas Ilhas Galápagos com a espécie Setophaga petechia aureola, um passeriforme do mesmo gênero das mariquitas brasileiras. Os pesquisadores encontraram que os machos da espécie que vivem perto de estradas movimentadas, quando comparados a machos que vivem longe, ficam mais agressivos ao ouvir o canto de outros machos se isso ocorre junto com barulho de tráfego.
Os pesquisadores acreditam que os barulhos das estradas dificultam a comunicação por sons entre os machos (que têm o comportamento de defender seu território quando entram em contato com outros machos). Com essa interferência, nos locais onde há ruído de rodovias, essas mariquitas acabam partindo para uma agressão física.
Um outro estudo já havia demonstrado que indivíduos de outra espécie territorialista de passeriforme, o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), que vivem em áreas urbanas expostas a altos níveis de ruído — como o tráfego ou obras —, tendem a ser mais agressivos do que aqueles que habitam zonas rurais.
Há ainda evidências de outros impactos mais alarmantes da poluição sonora das estradas nas aves. Muitas espécies acabam evitando as áreas próximas das rodovias e as que ficam podem ter sua condição corporal (peso) negativamente afetada, como mostrou esse estudo. O peso é extremamente importante para o sucesso de eventos migratórios. Outro estudo, por meio de um experimento, revelou que o ruído do tráfego pode prejudicar o crescimento de filhotes, mesmo quando ainda estão dentro do ovo. Aves ainda não nascidas e filhotes expostos ao barulho do trânsito urbano sofrem efeitos negativos de longo prazo na saúde, no crescimento e na reprodução.
O ruído do tráfego não apenas irrita, mas pode afetar a sobrevivência, o sucesso de migrações, nascimentos e reprodução em espécies que vivem próximas a rodovias (e onde não há rodovias não é mesmo?). Embora invisível, esse é um impacto bastante concreto para esses organismos. E o que estamos fazendo para tentar reduzir esse problema?
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Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS). Seus interesses estão ligados à conservação da natureza, principalmente à Ecologia de Rodovias para a compreensão dos impactos dos empreendimentos […]
