
Estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas alerta para um massacre: 450 milhões de animais silvestres morrem por atropelamento todos os anos nas estradas e rodovias brasileiras. O dado não inclui invertebrados. Essa pressão sobre a fauna é resultado, principalmente, da fragmentação da área de vida dos bichos pelas vias de tráfego de veículos e a redução do hábitat pela ação humana (urbanização, pastos e agricultura), o que força a fauna a procurar novas áreas para sobreviver.
No estado de São Paulo, onde a presença humana é intensa em todo o seu território, os atropelamentos de animais são rotina.
‘O número de animais silvestres resgatados em rodovias cresceu na região de Jundiaí (SP). Este ano, no sistema Anhanguera-Bandeirantes, o aumento foi de 45% em relação a 2013. Muitas vezes eles são atropelados e acabam morrendo durante o tratamento em Organizações Não-Governamentais (ONG), como, por exemplo, a ONG Mata Ciliar.
32 animais silvestres foram resgatados do começo do ano até agora. Entre os animais estão capivaras, aves, bicho-preguiça e lebres. No corredor Dom Pedro, que engloba cinco rodovias, o crescimento do número de animais capturados no primeiro semestre deste ano foi de quase 70% se comparado com o mesmo período do ano passado, de 13 para 22.
(…) Para o veterinário Roni Puglia, os acidentes acontecem porque as estradas cortam os ambientes em que os animais residem. “Eles precisam se movimentar por diversas razões, como alimentação ou reprodução. Nisso eles atravessam a rodovia e acabam sendo atropelados”.’ – texto da matéria “Número de animais resgatados em rodovia aumenta na região de Jundiaí”, publicada em 7 de outubro de 2014 pelo portal G1
Informar e conscientizar os motoristas que circulam por estradas e rodovias próximas de áreas de vegetação conservada é um trabalho importante e pouco realizado pelo poder público e pelas concessionárias que administram muitas dessas vias.
“Um estudo na Austrália sugere que uma redução de 20% na velocidade diminuiria em 50% a mortalidade. Essa é uma estratégia que pode ser adotada, sobretudo, em rodovias de menor fluxo e em trechos próximos a áreas especialmente sensíveis, como unidades de conservação”, afirma Andreas Kindel, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coautor do Conecte – Guia de Procedimentos para Mitigação de Impactos de Rodovias sobre a Fauna. A obra, publicada na internet (www.lauxen.net/conecte), é uma síntese do atual conhecimento sobre os impactos na fauna e sobre como reduzir danos causados.
Os órgãos que administram as rodovias agora começam a adaptar sua infraestrutura para reduzir os atropelamentos. São placas, redutores de velocidade, passagens de fauna e cercas, por exemplo, que têm sido instalados. Mas tudo isso não resolve se os motoristas não estiverem conscientes de seu papel para evitar tantas mortes.