Atropelamento de fauna dentro das cidades: ninguém percebe?

Esses dias li uma notícia que me surpreendeu. O título era “Taxista atropelou pombo em Tóquio e foi preso por isso; entenda lei de proteção animal japonesa”. Essa informação provocou em mim uma reflexão sobre como valorizamos alguns animais em detrimento de outros e sobre o papel das leis de proteção animal em nossa sociedade.

Inicialmente, achei o caso extremamente curioso, principalmente devido à atenção que recebeu. As pombas-domésticas, embora sejam animais pouco queridos por serem vetores de diversas doenças, como a salmonelose, histoplasmose e criptococose, também são animais silvestres. Apesar de sabermos que matar, incluindo atropelar, um animal silvestre é crime tanto no Brasil quanto no Japão, nunca imaginei que alguém seria preso por tal ato. Isso me fez refletir: eu esperaria que alguém fosse preso se atropelasse, por exemplo, um tamanduá-bandeira ou uma onça, animais ameaçados de extinção ou considerados mais simpáticos. No entanto, se as pombas são animais silvestres, assim como os mencionados, deveriam receber a mesma proteção e justiça, como ocorreu no Japão. Além disso, naquele país asiático, os motoristas devem dirigir devagar quando pombos atravessam a rua, mesmo contra a luz.

Ao pensar em um cenário semelhante no Brasil, onde os grandes centros urbanos abrigam centenas de pombas, surge a dúvida: seria possível prender ou multar todos os condutores que porventura colidissem com essas aves? Essa questão me levou a considerar que, embora existam outros animais silvestres nas cidades (como gambás, morcegos, sabiás, bem-te-vis, quero-queros, entre outros) que ocasionalmente são encontrados atropelados nas ruas, esses casos não recebem a devida atenção. Matar por atropelamento um animal resulta em multa e até mesmo detenção, mas isso não parece se aplicar dentro das cidades. Por quê? Será que valorizamos menos os animais que fazem parte do nosso cotidiano, por serem comuns e não ameaçados de extinção?

Essas são perguntas que envolvem valores intrínsecos e cada pessoa terá sua perspectiva. Confesso que não simpatizo com as pombas, mas reconheço que esses animais, bem como outros que habitam as cidades, aprenderam a se adaptar ao ambiente modificado pelos humanos e merecem respeito tanto quanto outros animais que habitam áreas de vegetação natural. Independentemente de nossa opinião sobre qual animal deve ser mais valorizado ou respeitado, a lei estabelece que todos são iguais e atropelar um animal que resulte em morte do indivíduo é crime! É crucial que as leis sejam cumpridas não apenas em rodovias principais, mas também nas ruas das cidades, para que todos os seres vivos sejam respeitados, independentemente de sua localização.

Uma observação importante: há exceções para o abate de pombas. Tanto no Brasil quanto no Japão, em casos em que representam uma ameaça, como danificar plantações ou serem identificadas como doentes. No entanto, essa ação deve ser realizada por pessoas habilitadas com autorização dos órgãos responsáveis.

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