Biólogo, mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangará da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), em Recife, e coordenador técnico do projeto de reabilitação, soltura e monitoramento de papagaios-verdadeiros intitulado de Projeto Papagaio da Caatinga
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Em dezembro de 2011, a Lei Complementar nº 140 passou para os Estados no âmbito da fauna o exercício do licenciamento dos empreendimentos de animais silvestres em cativeiro. Com isso, zoológicos, centro de triagem e de reabilitação (Cetras) e criadouros – sejam eles conservacionistas, científicos ou comerciais – teriam seus processos analisados para aprovação por os órgãos estaduais.
Os Estados passaram também a assumir os passivos de fiscalizações, de entregas voluntárias e de resgate de fauna silvestre. E, consequentemente, passaram a depender de Cetras para suprir essa demanda de animais que precisam ser cuidados, reabilitados, destinados, soltos e monitorados após a soltura.
Porém, nenhum Estado estava preparado para tal atividade e o que ela trazia como passivo, pois a demanda antes atendida de forma parcial pelo Ibama. agora estaria sob responsabilidade das unidades da federação. Houve diversos acordos técnicos para que os Estados assumissem os centros de triagem de animais silvestres (Cetas) do Ibama para uma gestão conjunta das estruturas já existentes.
A grande problemática é que grande parte desses centros não tinham condições de uso devido a serem estruturas antigas, sem reformas e ultrapassadas quando comparadas às exigências dos parâmetros atuais de bem-estar e de conservação necessários. Muitas vezes, eles não atendem a demanda real dos animais recepcionados.
Outra questão é que ainda há Estados que não possuem qualquer Cetras, seja do poder público ou particular.
Perante a esse contexto, as entidades de meio ambiente estaduais tiveram que iniciar uma corrida contra o tempo para estruturar seus órgãos para atender essa incessante demanda, já que acidentes ou o tráfico de animais não param nenhum instante.
A grande dificuldade na montagem de uma estrutura como os Cetras não está na parte estrutural, mas sim na gestão. Ainda tem muita gente que pensa que criar um centro é investir na construção e todos os problemas estarão resolvidos. Um engano, pois um Cetras precisa ter, além da estrutura física, uma gestão técnica de qualidade para que não lote em poucos meses e com isso cause um colapso no sistema.
Quando falamos em gestão técnica, estamos falando de corpo técnico de tratadores, biólogos, veterinários, de contratos de alimentos, medicamentos, exames, da gestão de resíduos, do monitoramento dos animais em áreas de soltura, etc. Frisando ainda que toda essa demanda é especializada e de difícil acesso devido ao grau de especificidade que a categoria animais silvestres exige.
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