Por Elisângela de Albuquerque Sobreira Borovoski
Pós-doutora em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses pela Universidade de São Paulo. Mestra em Ecologia e Evolução e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista. Coordenadora de Fauna da Prefeitura de Anápolis (GO), presidente da Comissão de Animais Selvagens e Meio Ambiente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás e membro da Comissão Nacional de Animais Selvagens do Conselho Federal de Medicina Veterinária
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A imprensa argentina noticiou, em 29 de janeiro, a internação hospitalar de quatro pessoas por uma doença chamada “febre dos papagaios”. O caso aconteceu na região de Santa Fé, na Argentina.
A psitacose, também conhecida como ornitose ou febre dos papagaios, é transmitida por Chlamydia psittaci, uma bactéria intracelular obrigatória que pode ser altamente contagiosa e gerar Clamidiose tanto em animais como em humanos.
A transmissão de Chlamydia psittaci entre aves ocorre por contato com um indivíduo infectado, principalmente por meio de inalação e, algumas vezes, por ingestão de material contaminado. O agente é eliminado nas fezes e descargas nasais, onde pode ser encontrado grande número de células bacterianas. Já a transmissão da Chlamydia psittaci ao homem se dá principalmente pela inalação do microrganismo presente em penas e fezes secas ou em secreção respiratória de aves infectadas.
Sintomas da psitacose
Os sintomas da psitacose nas aves são tremores, dificuldade para respirar, secreção nos olhos ou nariz, diarreia, urina ou fezes com cores diferentes, perda de peso, letargia e sonolência e perda do apetite.
No homem, os principais sintomas são dor de cabeça, febre, calafrios, dor muscular, alteração da capacidade respiratória, falta de ar, tosse, dor ao respirar, aumento do baço e do fígado, fraqueza, cansaço excessivo, dor de garganta, sangramento do nariz, lesões na pele, diarreia, dor abdominal; náuseas ou vômitos e delírios, que podem acontecer quando a bactéria chega ao sistema nervoso, podendo levar ao óbito.
Os argentinos que adoeceram haviam capturado um papagaio da natureza, atitude irresponsável para a saúde pública devido ao potencial de transmissão de doenças para seres humanos, além de ser uma ação criminosa, pois a retirada de animais silvestres na natureza é considerada crime ambiental e a compra de animal ilegal contribui para o aumento do tráfico de fauna.
No Brasil, os papagaios estão entre os animais mais traficados. O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é a espécie que mais sofre com a retirada constante da natureza e o comércio ilegal.
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