Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
A arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) é uma das espécies de aves brasileiras mais cobiçadas pelo tráfico de fauna. É a maior de todas as araras, podendo medir até um metro entre o bico e a ponta da cauda. De acordo com o Instituto Arara Azul, até a década de 1980 mais de 10 mil delas foram retiradas da natureza para serem comercializadas.
Ainda que em menor escala, por causa dos trabalhos de conservação e do aumento da fiscalização para evitar a ação de traficantes de fauna, o problema ainda persiste.
“Dois exemplares da arara-azul-grande estão vivendo no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) Pró-Araras, de Araras (SP), após serem capturadas na zona rural da região. A espécie, que está ameaçada de extinção, é típica do Pantanal e da Amazônia, e não deveria estar a milhares de quilômetros no interior paulista.
De acordo com o biólogo Fábio Cassiano, as duas araras não têm anilhas nas patas e, provavelmente, são vítimas do tráfico de animais. A equipe do colheu amostras de sangue para verificar qual é o sexo delas.
“Mais provável é que seja tráfico de animais, por ela não tem anilha, não ter microchip, não é um animal legalizado e registrado. Algum sítio ou propriedade próxima tinha esse animal, mas por algum motivo ela fugiu ou eles souberam de alguma fiscalização e abriram a gaiola”, disse.
(…) O veterinário da prefeitura junto com os moradores de um sítio em Conchal conseguiu trancar uma das espécimes enquanto ela foi comer milho. Aparentemente, ela tem cerca de três anos, está um pouco abaixo do peso, estressada e com algumas penas no peito faltando.
A outra arara foi capturada dias depois na zona rural de Araras. Segundo os biólogos, o peito desta segunda é mais azul, porque diferente da outra, as penas estão em perfeitas condições. A hipótese é que as duas viviam no mesmo espaço, mas ainda não se sabe se são um casal ou da mesma família.” – texto da matéria “Dois exemplares de arara-azul-grande são resgatados em zona rural na região de Araras”, publicada em 20 de agosto de 2020 pelo portal G1
Atualmente, estima-se que existam cerca de 6.500 dessas araras-azuis em vida livre. A espécie corre risco de extinção segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), sendo classificada como “vulnerável”. Ela não consta na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção de 2014.
Seria interessante uma boa avaliação das duas araras para verificar a possibilidade de elas retornarem para a natureza. Geralmente, essas aves são coletadas ainda filhotes de seus ninhos por traficantes, que também comercializam os ovos da espécie.
Tomara que não se tornem matrizes de algum criadouro comercial!