“Uma clínica veterinária para cães e gatos em Bebedouro (SP) virou o lar provisório de um macaco-prego e um bugio no último mês. Resgatados com ferimentos pela Polícia Militar Ambiental, os animais recebem os cuidados do médico veterinário Newton Fernandes Pontes. Acostumado a tratar voluntariamente de animais silvestres, Pontes busca um zoológico ou criadouro que possa receber os macacos, uma vez que, afastados de seus bandos, eles perderam os instintos para voltar ao habitat natural.
Os animais foram encontrados em Viradouro e Monte Azul Paulista (SP). Segundo o cabo da Polícia Ambiental Antônio Orestes Carózio, o filhote de macaco-prego estava em um milharal. "Localizaram o animal em um sítio. Como é bem próximo da cidade, acredito que pode ter aparecido algum cachorro por lá que espantou o resto do bando. Ele, como é novo, deve ter ficado debilitado e não conseguiu acompanhar o bando", diz. Já o bugio foi atropelado na Rodovia Armando de Sales Oliveira e resgatado por funcionários que faziam manutenção na pista.
(…) O problema, de acordo com o médico veterinário, é encontrar um novo lar para os macacos. Pontes explica que, uma vez afastados dos bandos, os animais já não têm mais condições de viver em seu habitat natural, pois acabam perdendo os instintos fundamentais para a vida livre. "Na parte médica, a gente usa os recursos que a gente tem. Uma vez que esses animais obtém a cura, fica a dificuldade de reintegrá-los. Não vejo na nossa região um lugar que possa recebê-los. Dá dó, porque você recupera, os animais estão aptos a irem para algum lugar, mas o destino é incerto", lamenta.” – texto da matéria “Veterinário busca destino para macacos acidentados em Bebedouro”, publicada em 13 de janeiro de 2015 pelo portal G1
A atitude do veterinário Newton Fernandes Pontes é louvável. Como cidadão, ele está fazendo sua parte e tentando ajudar esses animais e a própria Polícia Militar Ambiental que, não são poucas as vezes, apreende animais e depois não tem local para levá-los.
E por não ignorar o problema da falta de centros de triagem e de recuperação de animais silvestres (Cetas e Cras), um descaso do poder público em todo o país, o veterinário se envolve e depois fica com um “problema”.
Onde está a responsabilidade da PM Ambiental em ajudar ao veterinário que a ajudou? Onde está a Secretaria de Meio Ambiente paulista, órgão responsável pela gestão da fauna no Estado, em solucionar a questão? Onde estão municípios e a União em também ter infraestrutura para receber animais apreendidos?
Enquanto o poder público insiste em se omitir, irresponsavelmente, o veterinário faz o trabalho dos órgãos do governo sem qualquer auxílio e os animais permanecem em instalações não planejadas para suas espécies e longe de um destino ideal.