Animais silvestres: biólogos que cuidam de ferramentas ou de vidas?

Inicialmente, desejo um excelente ano novo a todos. Que a consciência realmente nos faça evoluir, pois não adianta ficar fazendo promessazinha na virada do ano, pulando sei lá quantas ondas e comendo uva, mas continuar sendo e tendo as mesmas atitudes imbecis. O que importa é realizar práticas favoráveis ao meio ambiente diariamente, incluindo não sujar e poluir as praias na virada do ano. Prometer e não agir é inútil.

Aliás, essas festas de virada de ano tornaram-se um dos grandes símbolos de destruição e falta de respeito à natureza e ao meio ambiente. Para mim, são nada mais do que a institucionalização de como produzir lixo exageradamente para a poluição de praias e mares. Enfim, vamos ao que interessa…

Cada vez mais, meu papel de servidor público, por meio dos conhecimentos que as investigações policiais vêm me trazendo, me faz ver como é absolutamente imprescindível que não permitamos que nossos animais saiam do país e que não devemos permitir que fauna de outros países seja trazida para o Brasil, exceto por motivos muito bem fundamentados para a conservação das espécies.

Criadores de pássaros: maltratadores de animais

A desculpa da conservação já vem sendo banalizada há muito tempo, principalmente pelos grandes maltratadores de animais: criadores de pássaros em gaiolas – prática que, por si só, para mim, é o maior símbolo de crueldade animal. A permissão legal dessa atividade representa nosso atraso como nação, não respeitando o direito dos pássaros de voarem livremente – criadores comerciais que adoram ter seus casais aprisionados em pequeninos recintos ou baias com um único objetivo: procriação para venda.

Esses o outros animais silvestres em cativeiro estão sob batuta e autorização legal dos órgãos ambientais estaduais. Na verdade, estão em seus exíguos recintos com arrancamento de penas ou até mesmo em pousadas e hotéis para que hóspedes os fiquem manipulando e tirando fotos ou ex-jogadores de futebol façam vídeos com filhotinhos de onças-pintadas no colo.

Quem age desta forma são pessoas imbecis, são maltratadores de animais, é isso que são. Não achem que essas pessoas ficarão falsamente usando o termo conservação e passarão despercebidos. Para mim, são lixo que exploram os animais de maneira errada e covarde. Eu gosto de ser direto, pois odeio covardia. Para essa galerinha, ração extrusada e água são um luxo, cambada de gente ignorante, atrasada e ridícula…

Biólogos, veterinários e zootecnistas: corporativismo

Mas tudo isso acontece debaixo da conivência velada de maus servidores públicos, maus profissionais de biologia, de medicina veterinária e de zootecnia que, para os maus se mantêm inertes, pois arrecadar as anuidades aos conselhos de classe e entidades que representam empreendimentos é o que importa. Ao mesmo tempo, eu sei como é difícil quem é do bem se expor e arrumar inimigos dentro de um sistema corporativista. Porém, ao mesmo tempo, o corporativismo exacerbado cega os bons e a crueldade animal vai silenciosamente se perpetuando, se disseminando e levando sofrimento aos que devemos respeitar.

Vários diretores, criadores e entidades de maus zoológicos (os bons zoológicos são importantíssimos e fundamentais) estão por aí, se reunindo e confabulando sobre dinheiro e lucros. Conversas sobre bem-estar animal, zero!

O que os conselhos de classe e entidades que representam empreendimentos fizeram concretamente sobre o acontecimento de mais de uma dezena de animais da megafauna vindos de uma origem comercial, no qual quem os vendeu comercializa animais para o mundo todo, para caça, para coleções particulares, laboratórios, circos, revendas, escalpelamentos para retirada de suas peles e partes… O que fizeram? Esses animais são capturados na natureza, são os escravos não humanos de nossa moderna era, caçados e explorados pelo mundo.

Que bom biólogo aprova isso? Que bom veterinário ou zootecnista aprova isso? Se aprovam, talvez não conheçam o termo “sencientes“, pois para esses profissionais os animais são apenas ferramentas de crescimento econômico,  como eram os escravos no passado para os donos de fazendas ou imperadores.

Estou tratando de profissionais muito limitados e menos evoluídos, muitas vezes com uma maravilhosa formação acadêmica, para quem apenas o que importa é o crescimento da economia. Se os animais estão sendo explorados, aprisionados e maltratados, dane-se, “sou formado!” São os “biólogos de ferramentas”. Eles se formaram e cuidam de chaves de fendas e alicates que têm a capacidade de respirar.

Deixo aqui minha reflexão. Até a próxima!

Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es).